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O que dizem por aí das eleições britânicas

A campanha eleitoral britânica vem gerando muita polêmica. Neste post falarei um pouco sobre o que foi publicado ontem no Le Monde e no El País a respeito do assunto. A discussão é tamanha que o site do jornal francês, além de ter publicado uma matéria sexta-feira sobre o debate entre os candidatos, que aconteceu na última quinta, ontem fez um editorial sobre o tema. O El País também publicou uma matéria sobre o debate, mas na reportagem em questão, se ateve à repercussão midiática da campanha. 


[se você está por fora das eleições britânicas ou não sabe como funciona o processo eleitoral lá, acesse o "tira dúvidas" publicado no site da BBC antes de ler o restante do artigo]


A cobertura do fato tem destaque em toda a Europa porque a relação do Reino Unido com o resto do continente muda, dependendo de quem vencer a eleição. Mas isso só acontecerá se o resultado surpreender. Isso porque se o favorito realmente vencer, o comportamento de Londres com relação ao resto da europa deve ser afetado apenas marginalmente. Pelo menos é o que diz o primeiro parágrafo do editorial do Le Monde. "A eleição em 6 de maio é uma questão de política interna, estritamente: a dívida pública, aumento do desemprego, o desgaste do governo trabalhista".


O artigo afirma que um dos candidatos, Nick Clegg, é decididamente pró-europeu. O jornal usa as seguintes palavras "No meio da campanha, o líder liberal-democrata fez um grande avanço nas pesquisas. Mas vamos ser sérios: Nick Clegg não será o próximo chefe de governo - infelizmente... Na melhor das hipóteses, se o placar estiver apertado entre os dois grandes, trabalhistas e conservadores, os liberais-democratas vão estar na posição de árbitro. Eles têm uma vantagem: com um eleitorado cansado de treze anos de governo trabalhista, Nick Clegg representa a mudança. Tanto quanto o líder da oposição conservadora, David Cameron".


Saindo de uma análise de cenário feita pelo jornal francês, vamos para o que publicou o El País. Eles traçaram um panorama da cobertura da imprensa e da opinião dos meios de comunicação com relação aos candidatos. A polêmica começou quando o Partido Liberal-Democrata acusou os Conservadores de terem iniciado uma campanha midiática para atacar o seu líder, Nick Clegg, horas antes de um debate eleitoral crucial, na quinta-feira. Os Conservadores também atacaram os Trabalhistas por meio de alguns folhetos com "mentiras" sobre política de subsídios para os aposentados.


David Cameron, Nick Clegg e Gordon Brown no debate de quinta-feira


Na segunda-feira, o coordenador da campanha dos Conservadores e candidato a Ministro do Tesouro, George Osborne, reuniu-se com representantes de vários meios de comunicação. Na quinta-feira, três deles, The Sun, The Daily Telegraph e Daily Mail, abriram suas edições com ataques brutais a Clegg. A imprensa britânica tem uma longa tradição de pedir o voto a favor de um partido ou outro. O The Sun, que apoiou o "Novo Trabalhismo" de Tony Blair, entre 1997 e 2005, já se pronunciou por Cameron. O The Guardian realizou ontem um debate interno para decidir quem apoiar. Desde 1945, o The Daily Telegraph sempre votou pelos conservadores.


Mesmo com toda a polêmica, é interessante observar o articulação dos meios de comunicação diante do processo eleitoral. Principalmente para nós, brasileiros, acostumados com o apoio velado dos meios de comunicação a determinados candidatos. Enquanto aqui os veículos se dizem isentos e imparciais, mesmo que todos nós saibamos que não é bem assim que a "banda toca", lá, os jornais fazem reunião para decidir quem apoiar. E não fazem segredo para ninguém. 



Banho

Banho é uma das melhores coisas do mundo.
Era isso que pensava todos os dias quando estava prestes a entrar embaixo do chuveiro. O que acontecia pelo menos três vezes ao dia. Ô lugarzinho pra ser quente aquele. Parecia que Deus tinha esquecido aquele canto do mundo. Costumava-se dizer que lá só tinham duas estações no ano: o calor e o inferno. 
Quando você achava que já tinha enfrentado o calor mais calorento de todos, vinha São Pedro e te surpreendia com temperaturas por volta dos 45 graus. Nem uma chuva. Nem uma brisa sequer. Tinha dias em que todos na cidade tinham certeza que iria chover. Os mais fervorosos até se colocavam de joelhos para agradecer. Que nada! Só impressão. As nuvens corriam. Iam se derreter em outros cantos.
O jeito era conviver. Se adaptar ao clima. Tomar três, quatro, cinco litros de água por dia. Tomar três, quatro, cinco banhos por dia. Ventiladores em todos os cômodos da casa. Sair? Só se o lugar tiver ar condicionado. Talvez o fato justifique a superlotação do shopping. A seção de frios dos supermercados também era bastante frequentada. Os namorados davam cactos de presente para as namoradas. As rosas murchavam com muita facilidade. 
Por essas e outras que o maior prazer de sua vida era sentir a água fria, nem sempre tão fria assim, tocando o seu corpo. Mesmo sabendo que depois de desligar o calor que sentiria seria maior. Já saia do banheiro suando.
A maioria das pessoas quer morrer dormindo. Para ela o ideal seria morrer no banho. Seria a certeza de uma morte feliz. Se tivesse jeito de ser enterrada na água então...