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Sétimo andar

Era uma segunda-feira. Já havia passado da hora de sair para ir trabalhar. Eram 7h50 da manhã. Apertou o botão do elevador. Estava na portaria. Até chegar no décimo andar ia demroar um pouco. Era um elevador desses antigos e bem lentos. A síndica deu uma "ajeitadinha", colocou espelho e tudo mais. Mas a velocidade continuava a mesma. A porta se abriu a sua frente. Entrou e apertou o "P". Torceu para descer rápido, sem parar em nenhum andar. Principalmente no sétimo. Lá morava um casal de velhinhos. A mulher precisava de cadeira de rodas e todas as vezes que eles tinham que usar o elevador, a viagem acabava demorando um pouco mais. Parou. Oitavo andar. Um senhor entrou. Ele sempre fazia caminhada de manhã. Há algum tempo já havia reparado que todos os dias o senhor estava com a mesma roupa. Mas isso não era da sua conta. "Bom dia!". "Bom dia!". Um solavanco. O elevador parou de novo. Agora, no sétimo andar. O elevador poderia parar em qualquer andar menos naquele. Mas ainda havia a esperança de ser outro morador. Não. Era o casal. Contabilizando o acréscimo de tempo que a entrada dos dois traria - eram poucos segundos, é verdade. Mas que fariam diferença - teve certeza de que perderia o ônibus. Passou da ansiedade ao conformismo, já que não havia mais o que pudesse ser feito. Se atrasaria. Era fato. Se encostou na parede do elevador e começou a prestar atenção na conversa dos senhores. Ao ser perguntado se estava tudo bem, o marido da senhora da cadeira de rodas respondeu que não. Olhou para a mulher e balançou a cabeça. Descobriu naquela conversa que a senhora tinha Alzheimer. O homem começou a falar das dificuldades. Chegou a dizer que era melhor que ela dencançasse. Foi um choque. Não imaginou que o senhor fosse falar aquilo. Mas ele devia ter seus motivos. O elevador chegou . Saiu sem se despedir. Até porque a cena que presenciou tinha sido pesada o suficiente para uma segunda de manhã. Por sorte o ônibus também estava atrasado. Quandio chegou ao ponto ainda conseguiu pegar. Passou a viagem pensando no que ouviu. E se culpou por ter reclamado mentalmente da parada do elevador no sétimo andar. Ao fim do dia, quando chegava em casa, viu uma ambulância parada na porta do prédio. Na portaria, enquanto esperava o elevador, descobriu que o mesmo nunca mais demoraria no sétimo andar.

Formidável Família Musical

Hoje vou falar um pouquinho de uma banda baiana chamada Formidável Família Musical. Não. Não é banda de axé. Eles misturam um pouco da MPB dos anos 70, com canções pop do início do século 21. O grupo tem como base o "Conceito Flower". O resiltado é o que a banda define como músicas alto-astral, alegres.

Se levarmos em conta apenas o ritmo, realmente as músicas são bem alegres e dançantes. Mas se repararmos nas letras, observamos um "quê" de melancolia. Nada desbone o trabalho dos rapazes. Aliás, a combinação de melodias pra cima com letras, na minha opinião, mais reflexivas, deu certo.

Como dizem por aí, é música para acordar cedo e seguir o dia com um sorriso estampado na cara.

Confira uma das mais, de fato, alegres: Bom Dia Amor

A bomba que explodiu na mão do Lula

Antes de mais nada, uma breve introdução ao fato que será abordado na coluna de hoje: 

"O Irã concordou em enviar urânio para ser enriquecido no exterior, como parte de um acordo negociado em Teerã entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan."

Leia aqui o restante da matéria publicada no site da BBC.

Com o perdão da piada, mas quem assistiu ao Jornal da Globo ontem, mais especificamente à crítica do Jabour, ficou com uma impressão de que o Lula misturou Activia com Urânio e fez uma cagada atômica! 

Assista aqui ao vídeo do comentário.

Tudo bem que o discurso do Jabour pode até ter um fundo de verdade. Mas a imagem do Lula [e do Brasil] não ficou tão manchada quanto pareceu. Prova disso são as matérias publicadas nos sites dos jornais Le Monde e El País.

 Primeiro Ministro Turco e Lula


A matéria do Le Monde começa dizendo que
"os países emergentes do Sul já tinham feito um grande impacto no cenário internacional em áreas como o ambiente ou o comércio. Esta semana marca um novo passo na ascensão desses países" 


 E emenda em seguida:

"Os livros de história vão lembrar dessa data, segunda-feira, 17 maio, na qual o Brasil e a Turquia chegaram a propor um acordo de negociação com Teerã, na questão nuclear iraniana."

O texto, uma coluna opinativa, deixa bem claro que o que o presidente Lula fez não foi uma burrada.
Fica evidente que o Brasil e a Turquia querem fazer parte do G5+1 e que as ambições políticas do Sul são legítimas. "Eles devem ser recebidos de forma positiva" diz a coluna. Ainda assim é feita uma ressalva sobre a questão iraniana. O G5+1 cautelosamente saudou a iniciativa turco-brasileiro como "um passo na direção certa." No entanto, para mostrar a sua desconfiança eles chegaram a um acordo para impor novas sanções contra a República Islâmica.

O artigo afirma que a atitude foi acertada, mas em momento nenhum desqualifica a tentativa de solucionar o problema por meio do acordo firmado
através do Brasil e da Turquia

No El País não é diferente.  
"Brasil e Turquia estão determinados a provar que quem manda no mundo não são mais as potências que emergiram após a Segunda Guerra Mundial e que o Conselho de Segurança da ONU ficou pequeno."  

A matéria trouxe ainda a fala do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que diz reconhecer os esforços do Brasil para chegar a um acordo com o Irã sobre seu programa atômico e qualificou como um passo positivo o pacto alcançado.
Ainda assim, fez uma ressalva: se o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, não cumpre a sua parte do acordo, o Brasil pode perder muitos pontos na disputa para conseguir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança. Seria também um momento ruim para a Turquia, que é colocada como o principal mediador no Oriente Médio, apesar dos contratempos que teve com o Governo de Israel. 
E o mais interessante:  
"Os dois países também defendem uma solução diplomática para a crise iraniana, porque eles querem deixar a porta aberta para o desenvolvimento de seus próprios planos atômicos para fins civis."


Como se pode ver, o reflexo do acordo na comunidade internacional não foi tão tragico assim.

Vale lembrar que não sou petista. Não pretendo votar na Dilma. E não estou fazendo campanha pra ninguém. Este artigo é apenas uma constatação a partir da comparação das informações divulgadas no Brasil e no exterior. 
Se é que tem alguém fazendo campanha, não é a favor, mas contra. Fiquem de olho. As eleições estão aí.

Insônia

Chegou em casa naquele dia com o objetivo de dormir cedo. A semana estava sendo mais cansativa que o esperado. Antes das 22h já tinha se preparado. Escovou os dentes. Tirou as lentes de contato. Tomou seus remédios. Mas nenhum deles era para dormir. Colocou o pijama. Encheu um copo com água e colocou no criado mudo. Se ajeitou na cama. Pronto. Agora era só fechar os olhos e sair pro abraço. É. Não foi bem assim. Passadas cerca de meia hora, nada de sono. Estava difícil conseguir dormir. Contou carneirinhos até chegar no centésimo. Rezou um terço. Ligou a TV. Assistiu todas as entrevias do Jô. Depois procurou um filme na TV Brasil, desses bem lentos e arrastados. Nada. Pegou o livro que havia abandonado há alguns meses por falta de paciência e retomou a leitura. Leu cinco capítulos e nada. Foi até a cozinha. Abriu a geladeira. Pensou. Procurou alguma coisa interessante para comer. Só tinha manteiga, maionese, água e limão. Não dava para fazer nada com aquilo. Procurou a caixinha de chá de camomila no armário. Colocou a água pra ferver. Por acaso, quando foi pegar o envelopinho de chá, seus olhos pousaram sobre a data de validade. Já tinha vencido há quase um ano. Jogou a água quente fora. Pelo menos ajudaria a desentupir a pia. Voltou para a cama. Ficou olhando pro teto. Lembrou de uma reportagem que tinha visto na TV. Ela falava que as pessoas que pensavam em coisas boas antes de dormir, pegavam no sono mais rápido. Pensou em todas as coisas que mais gostava na vida. Inclusive dormir. Foi em vão. Resolveu colocar uma ópera para tocar. O CD acabou e nem sombra de sono. A essa altura o dia já estava raiando. Saco! Odiava ter insônia.  Em pouco tempo teria que levantar para trabalhar. O desespero começou a bater. Sabia que não seria ninguém durante o dia. Mas fazer o quê? Já foi se adiantando e separou a roupa que iria usar. Faltando 15 minutos para o relógio tocar, desarmou o despertador. Já não precisava dele mais. Se encostou na cama para esperar mais um pouco. Já tinha esperado tanto o sono chegar que dez minutos não seriam nada. Encostou na cabeceira e... Dormiu!

The Verve








De acordo com a Wikipedia, The Verve é uma banda de rock britânica [sim, falo de novo de uma banda de rock inglês!] formada em Wigan, Inglaterra, no ano de 1989, inspirada musicalmente no estilo que ficou conhecido como britpop (Música Popular Britânica). Após se separarem em abril de 1999, anunciaram sua volta em junho de 2007.  Em abril de 2009, praticamente 10 meses depois do lançamento do 4º disco da banda, Forth, muito elogiado pela crítica e pelos fãs, Nick McCabe, guitarrista da banda, anunciou o seu fim.

Mesmo com a instabilidade de tantas separações e voltas, o The Verve conseguiu emplacar vários sucessos. A biografia disponível no site da banda (ou ex-banda), escrita por Dave Simpson, diz que o The Verve nos deu três fantásticos álbuns - incluindo Urban Hymns, o quinto disco britânico na lista dos que venderam mais rápido, já no lançamento, em todos os tempos, e uns dos lançamentos que marcaram os anos noventa. Para quem não conhece, o som dos caras é algo parecido com o que o Oasis faz (aliás, fazia - que sina essa desse pessoal de acabar com as bandas boas?).

Ainda falando de Urban Hymns, este foi um foi um álbum com marcantes violinos em diversas músicas. O disco representa o ápice da banda. No entanto, o The Verve foi acusado por Mick Jagger de plágio por causa de um "sample" da música "Bitter Sweet Symphony" e da expressão que deu nome à canção.  A banda acabou perdendo na justiça todo o direito de criação. Quem recebe os "royalties" são Keith Richards e Mick Jagger. 

De qualquer maneira, a música marcou a carreira do The Verve. Parte desse sucesso se deve a presença da canção na trilha sonora do filme Segundas Intenções. Bitter Sweet Symphony toca na cena final do filme. Quem assiste, logo procura saber de quem é a música. Nem que seja pra colocar no carro e sair dirigindo, como a loirinha faz no filme, ou colocar no mp3 e sair andando pela rua, como no clip original da música. (Ah! O Audioslave também tem ótimas músicas para escutar enquanto se está dirigindo. Mas isso é assunto para um próximo post)

Outros sucessos da banda são "The Drugs Don't Work", "Lucky Man" e "Sonnet". Mas eu deixo vocês com Bitter Sweet Symphony, e a cena final de Segundas Intenções. Quem ainda não viu o filme e pretende assistir, não aperte o play!  




Para quem se interessou, seguem os links do site e do MySpace da banda.


Segundas Intenções marcou minha (pré) adolescência, por isso dedico o post a todos os meus coleguinhas de sexta série que assistiram ao filme comigo no churrasco na mansão da Patrícia Fernandes.