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Então é Natal


É chegado o momento do ano no qual todos os estudantes intercambistas ficam loucos, alvoroçados, inquietos e ansiosos. O motivo? Não. Não são as provas finais [que muitas vezes também são iniciais. É que a maioria dos professores só dá uma prova no semestre!]. O motivo são as mini-férias de final de ano, que dão uma folguinha pra gente no Natal e no Ano Novo.

A maioria dos brasileiros, pra não dizer todos, vai passar as festividades longe de casa, já que o preço da passagem pro Brasil é um absurdo. Então, salvo exceções, não compensa pagar essa fortuna pra passar, sei lá, 10 dias em casa e depois voltar pra cá, pra um mês depois voltar pro Brasil de novo. Melhor usar esse dinheiro pra conhecer a Europa, né não? É aquela coisa, a nossa casa vai estar sempre lá. Nós sabemos que vamos voltar. Sabemos até a data! Mas a Europa... Sabe lá Deus quando, e se, eu vou voltar ao Velho Continente.

Bom, mas essa volta toda é pra falar da odisséia que é planejar uma viagem, comprar as passagens e reservar lugar pra ficar. No início você está super empolgado. Uhul, vou fazer um mochilão pela Europa!!! Aí faz uma listinha com todos os lugares que você quer conhecer e descobre que se seguir esse planejamento você vai visitar 30 países em 15 dias! Não dá, né?! Aí começa a cortar e deixar só os que você quer MUITO conhecer. Sobram um 12. É, ainda é muito. Aí você passa a outro critério: onde eu vou passar o Natal e o Ano Novo? É amigos, a gente vai estar viajando. Super legal! Imagina passar o Natal em Paris? Agora imagina passar o Natal em Paris sozinho. Não rola, né?! Então começa a caça por um destino. Aí vão mil mensagens no Facebook, e-mails, conversas do Skype até descobrir pra onde a galera tá indo. De preferência os brasileiros, com os quais é mais fácil estabelecer uma comunicação eficaz, eficiente e efetiva. Imagina você no Natal conversando com um alemão e ele com um dicionário na mão procurando como se fala Papai Noel em espanhol pra fazer uma piadinha?


Decidido isso fica mais fácil estabelecer onde a viagem começa e consequentemente os próximos destinos. Aí vem a parte crucial: procurar preço de passagem. Todo mundo fala que viajar pela Europa é super barato. Que trem é barato, avião é barato. Bom, se comparado ao Brasil por exemplo... Eu gasto R$200,00 de passagem de ÔNIBUS toda vez eu vou pra casa. Por esse mesmo valor é possível comprar uma passagem DE IDA pra algum país da Europa em companhias aéreas low cost. Às vezes dá pra comprar até ida e volta se a promoção for boa. Quanto aos trens, bom, existem uns passes pra conhecer x países em x dias que são interessantes. Ou então viajar durante a noite. Ou ainda, no Leste Europeu, viajar na terceira classe durante a noite [#medo]. E tem os ônibus também. Dependendo do seu destino, por exemplo da região que eu estou na Espanha pra Portugal, compensa muito. Fora isso, todas as passagens que eu olhei eram mega caras. 
Aí você procura e encontra passagens com preço bom, albergue com preço bom e fica super feliz! O problema quando você junta tudo e vê quanto vai dar no final... Um pequena fortuna. Hora de cortar mais alguns destinos. No final, dos 30 países, você acaba conhecendo uns quatro. E às vezes nem são os que você mais queria conhecer. Mas levando em conta fatores como preço e "onde a galera vai" é o que tem pra hoje.
  
Depois de toda essa divagação, vamos à parte prática. Seguem alguns links importantes:

http://www.flylowcostairlines.org

O primeiro é de um rastreador de copanhias aéreas low cost. Muito útil. Você coloca o local de partida e o local de chegada e ele te dá uma lista das companhias aéreas low cost que fazer o trajeto.

Os outros são de comparação de preço de vôos. Vale a pena dar uma olhada nos preços que eles colocam. Mas outro dia fui comprar por um deses sites e cheguei a conclusão de que fica mais caro que comprar pelo site da propria companhia aérea. Eles te dão um descontinho de uns cinco ou dez euros pra te enganar, mas depois caem matando nas taxas de sei lá o que, e acaba ficando mais caro que comprar direto. Então só é bom pra saber qual voo tem preço mais barato e depois ir no site da companhia pra comprar. É bom ver em vários sites, porque alguns não rastreiam uns voos que outros rastream. E na hora de comprar, se for pagar com cartão de credito, o preço sempre aumenta um pouco. Pelo que eu vi até hoje, o ideal é comprar com Visa Electron, que nao paga nada de taxa. Mas precisa ter dinheiro na conta. As outras opções, como crédito e débito, aumentam entre dez a quinze euros o preço da passagem. 

Então tem que  fazer o seguinte: achou uma passagem mega barata em algum desses sites de comparação? Faz como se você estivesse comprando. Vai preenchendo o que eles pedem até chegar no momento de pagar. Porque é nessa hora que você vê o preço de verdade da passagem. Na hora de pagar, eles colocam mil taxas de mil coisas, que às vezes as taxas ficam mais caras que a propria passagem. Depois vai no site da companhia aérea, procura o mesmo voo e repete o procedimento até chegar a hora de pagar e vê se o preço é o mesmo. Eu, particularmente, acho mais seguro [e barato] comprar pelo site da própria companhia. 
É um grande exercício de paciência e força de vontade. Principalmente se você já tiver buscado em todos os sites e a passagem for realmente cara. Aí é tentar partir pra rotas alternativas com escalas e troca companhia.

Chega, né?! Depois eu volto pra falar da reserva de albergue.

Stencils em Salamanca

 Hoje o post é um pouco diferente. Mais imagético. Já tem um tempo que eu quero colocar essas fotos aqui, mas sempre arranjo outro tema. O que se segue são alguns dos stencils que se pode encontrar caminhando pelas ruas de Salamanca. O que eu coloco aqui é só uma amostra. É possível ver muito mais. Mas nem sempre eu estou com a minha câmera pra registar [no início eu levava pra onde eu fosse, mas, como eu disse no post anterior, passou a novidade e eu parei de levar].

Boa parte deles tem um cunho de protesto. Outros têm toda uma história por trás. E tem aqueles filosóficos...
 
Vamos começar por um que já foi tema de um post no blog há um tempo atrás. O do "Carlos, ni olvido, ni perdón". Acho que é um dos que mais aparece nas ruas. Se você não acompanhou, é possível conferir a história completa aqui.


O próximo também é bastante difundido, principalmente no centro da cidade. Trata-se de uma paródia de uma lenda de Salamanca. Vou explicar a lenda primeiro pra que vocês possam entender. É o seguinte: o edifício histórico da universidade, localizado num lugar chamado Pátio de Escuelas, tem uma fachada que é uma imensa obra de arte esculpida em pedra, cheia de elementos. Mas cheia mesmo. A ponto de você olhar e não entender muito bem. No meio desse monte de coisas tem uma rã escondida. Reza a lenda que os estudantes que conseguirem encontrar a rã, terão sorte nos estudos [não me pergunte quem inventou isso e o porquê. Só sei que eu achei a rã e espero que a lenda esteja certa]. Bom, mas é quase impossível encontrar o bendito anfíbio sem nenhuma dica. E a dica mais clássica é que ele está na alto de uma caveira. Por causa dessa lenda, a rã [junto com a caveira] é o símbolo da cidade. Tá aí uma foto da caveira com a rã em cima. Conseguiu achar?


A ideia do stencil partiu de uma iniciativa da prefeitura de Salamanca de colocar câmeras no centro histórico da cidade. Não sei exatamente o motivo, mas com certeza tem a ver com a preservação do patrimônio. Há quem diga que serve também pra monitorar o trânsito de carros, já que muitas ruas são "peatonais" [só é permitido o trânsito de pedestres - e carros autorizados]. Daí eles espalharam essas placas, com a seguinte mensagem "zona controlada por cámaras de videovigilancia":

Juntando tudo isso, criaram esse stencil aí do lado, com a caveira, símbolo da cidade, e, no lugar da rã, uma câmera de vigilância. Pra completar, a seguinte frase: "Donde esta la camara?".
Uma paródia, meio crítica, meio afronta, já que, mesmo com as câmeras, o pessoal continua fazendo stencils. 






Os próximos dois têm um cunho mais de protesto. Ao que tudo indica, fazem referência a Franco e ao ETA. Mas como os stêncils não têm legenda ou aquela explicaçãozinha do lado [igual tem em museu] fica a critério
de cada um interpretar.




E pra terminar, o mais lindo de todos. Uma referência ao livro Pequeno Príncipe. Um clássico da literatura mundial. Para alguns é um livro infantil. Mas as mensagens transmitidas por Antoine de Saint-Exupéry são válidas pra qualquer idade. Os desenhos e o coloridos das páginas são apenas um disfarce. Quando eu fui tirar a foto do stencil, tinha um garotinho passeando com seu pai. Ao me ver tirando a foto ele ficou curioso, se aproximou e perguntou pro pai dele o que era aquilo. Aí o pai explicou que a frase fazia parte do livro. Lembrei do meu pai, que me deu um exemplar quando era criança/pré-adolescente, com a dedicatória mais linda do mundo.
Fica aí a mensagem: o essencial é invisível aos olhos [principalmente pra gente que tá longe].


O universo paralelo

Faz tempo que eu não passo por aqui, né?! Infelizmente fui envolvida por uma rotina louca de mil coisas pra fazer, como boa workaholic que sou, e sempre no momento crucial do dia, quando eu tinha que escolher alguma coisa pra deixar pra amanhã, sobrava pro blog, coitado.
Bom, a princípio minha proposta era escrever aqui experiências de contraste de cultura, viagens, dicas, coisas que pudessem interessar a outras pessoas. E jamais fazer do espaço um "querido diário". Mas cheguei num momento do intercâmbio que nenhum tema é tão plausível quanto algo que soe como um post "querido diário": a metade da viagem [e talvez isso até interesse a alguém].
Por que digo isso? Porque agora já passou a novidade. As coisas já não têm o mesmo encanto de antes. As descobertas já não são tão constantes. Você já  não se perde mais no centro histórico com tanta frequência se você não leva consigo um mapa [disse "com tanta frequência" porque semana passada tava andando distraída e me perdi na Plaza Mayor. Uma vergonha. Mas é verdade].  Você já não acha o cheiro do jamon tão estranho. Você já atravessa a rua com desenvoltura. Beber água da torneira é algo super normal. Enfim, você já se acostumou com a vida aqui.
Com isso, a saudade começa a apertar. Você começa a pensar mais naqueles que estão do outro lado do oceano. Porque por mais que você conheça muita gente, todas as pessoas que você ama estão a uns 12 mil quilômetros de você. Você pode conversar, sair, rir, viajar com muita gente. Mas sempre fica aquela impressão de que tá faltando alguma coisa. Até porque, após 22 anos de vida e experiência [ui!] tenho pra mim que é muito difícil [nunca diga nunca] amar alguém depois de apenas dois meses de convivência. A não ser que essa pessoa seja seu filho. O que não é o caso.
Mas, pera aí! Como assim se acostumou? Cara, eu tô morando na Europa e estudando na Universidade de Salamanca, uma das mais importantes e antigas do mundo. Quando na minha vida eu ia imaginar isso? Como assim eu passo pela catedral e já não fico de boca aberta? Eu passo pelo moço que toca violino na Calle Toro e não paro uns minutinhos pra observar?
Outro o dia a gente conversava que isso aqui é um universo paralelo. Um parêntesis que foi aberto na nossa vida. Não é a realidade. Em fevereiro a gente vai entrar numa nave que vai transportar a gente de volta pra vida real. Um dos principais motivos é o seguinte: as pessoas. Mesmo as que eu ainda não amo e nem vou amar um dia.
Desde que eu cheguei aqui eu conheci TANTA gente. No início era uma média de, sei lá, 15 pessoas por dia [inventei esse número. Eu não ficava contando quantas pessoas eu conheci, né?!]. A tomar por base meu Facebook, que teve o número de contatos aumentado vertiginosamente nos últimos tempos. E olha que eu não adicionei nem 1/4 das pessoas que eu conheci.
Bom, tô dizendo tudo isso pelo fato de que 98% dessas pessoas [tirando os brasileiros da UFJF e eventuais amizades que podem se fortificar nos próximos três meses] que eu conversei, trabalhei, estudei, ri, chorei, viajei, bebi, dancei, eu NUNCA mais vou ver na vida [uma exceção para dizer nunca]. Não é bizarro isso? É como se elas, puff!, desaparecessem. Gente que me ajudou, que sorriu pra mim e se esforçou pra entender o que eu queria falar. Que me contou sua história e escutou a minha.
Eu posso até voltar a Salamanca. Mas elas não vão estar mais aqui. A maioria delas também vai ter entrado na nave e voltado pra realidade. É diferente de quando eu morava em Valadares e mudei pra Juiz de Fora. Eu num sei. Mas acho que é necessário um poder de abstração muito grande pra assimilar isso e achar normal.
E é nesse momento que você acorda de novo no meio dessa montanha russa de emoções [ou perde o sono, como aconteceu hoje] e pensa: Ei! Já tá na metade. Daqui uns dias acaba. Daqui a uns dias você vai acordar e sentir um calor de 40 graus. Aproveita tudo isso que é tão anormal e quadridimensional e faça valer a pena o máximo possível. Afinal de contas, você NUNCA mais vai viver isso de novo. O tempo não volta. E as pessoas que você ama estão te esperando do outro lado do oceano, na vida real.
Acho que agora já posso dormir. Boa noite. Ou bom dia!

El Camino de Santiago - Dicas

Eu fui fazer o caminho meio no escuro. Nunca tinha feito sequer uma trilha na minha vida. Já tinha entrado no mato, na fazenda minha tia, quando era criança/adolescente e segui o caminho pra cachoeira [isso já deve ter uns 10 anos! Tô velha!]. O trajeto não devia dar nem uma hora de caminhada direito. Nada muito além disso.

Como iam ser só quatro dias, nem me preocupei em comprar equipamentos especiais. Fui com o que eu tinha mesmo. Além do mais, todas as pessoas com as com as quais eu conversei, e que já tinham feito o caminho, me disseram que senhores e senhoras do alto dos  seus 60 anos conseguiam cumprir a jornada. Imaginei que não fosse ser um bicho de sete cabeças. Que não necessitasse de muita preparação e equipamentos. Ainda mais pra mim, no auge da minha juventude, com meus 20 e poucos anos. 

Ledo engano. Todos, inclusive os senhores 60 anos, carregavam em suas mochilas um saco de dormir! Mesmo que os albergues tenham a cama direitinho, acredito que pra não ter que ficar carregando esse monte roupa de cama, coberta e afins, os peregrinos usam o saco de dormir, que é quentinho, prático e ocupa pouco espaço. E eu lá no meio deles com um lençol e uma mantinha de 3 euros [pode rir!]. No começo me senti um peixe fora d'água. Um vascaíno na torcida do Flamengo. Mas depois desencanei. Minha mantinha me serviu muito bem e o saco não fez falta nenhuma. De qualquer modo, fica a dica.

Outra coisa imprescindível é uma capa de chuva. Principalmente no trecho que passa pela Galícia. Chove todos os dias alí. Tive que comprar uma no meio do caminho. Se não, ou eu me molharia completamente, até a minha alma, ou eu ficaria uma semana esperando a chuva passar. Ah! E compre uma das mais resistentes, se não você vai ficar na mão no segundo dia. Há quem prefira usar roupas impermeáveis e uma capa para a mochila. Fica à gosto do freguês.




Outro amadorismo meu foi fazer o caminho de tênis. Não que o tênis não sirva, ou machuque os pés [aliás, acho que qualquer calçado acaba machucando os pés depois de sucessivas caminhadas de uns 30km, ou mais!, por dia]. O ideal é ir com aquelas botinhas impermeáveis. Porque o tênis, depois de 15 minutos de chuva já deixa seu pé completamente ensopado. O que não é legal. E pra secar pra você usar no outro dia é um desespero!

Leve garfo, faca, colher, caneca de metal e, se possível, até uma panela! Isso mesmo. É que os albergues normalmente têm cozinha. Se você estiver no meio do nada, sem nenhum restaurante por perto, esses utensílios podem ser realmente úteis. Porque tem albergue que tem tudo. Tem albergue que tem só as panelas e o fogão. E tem albergue que tem só o fogão! Eu fui contando que todos tinham tudo e dei com os burros n'água.

Bom, esses são os equipamentos básicos para se fazer o caminho. Se você seguir as dicas, pode ser melhor sucedido que eu!

El Camino de Santiago - A história

Do dia 28 de outubro ao dia 01 de novembro, como diria um grande escritor de contos que eu admiro, eu passei pelo portal da quarta dimensão e fiquei lá por cinco dias. O motivo? Fiz os últimos 100 quilômetros [que na verdade foram mais de 120] do Caminho de Santiago.

Já tinha ouvido falar do caminho antes de vir pra Espanha. Mas muito por alto. Sabia que era uma rota de peregrinação religiosa que tinha como objetivo chegar a Santiago de Compostela. E que o Paulo Coelho já tinha feito. Nada muito além disso. Quando vim pra cá nem me liguei que eu estaria pertinho do caminho. Mas depois de quase dois meses aqui, ouvi falar bastante. Muita gente dizendo que era muito bom, uma experiência inesquecível. E eu fui ficando curiosa e com vontade de fazer.

Procurei me informar. Assisti até palestra sobre o assunto. Descobri que existem vários Caminhos de Santiago. Pelo que a professora disse na palestra, existem uns 17 "oficiais". Mas o mais famoso é o Caminho Francês, que como próprio nome já dá a entender, parte da França e cruza todo o norte da Espanha até chegar em Santiago. São quase 800km. O equivalente a um mês de caminhada.

Essas rotas de peregrinação surgiram ainda na Idade Média, quando, guiados pelas estrelas, moradores da região encontraram restos mortais do apóstolo Santiago. Sabendo disso, o Rei de Astúrias resolveu ir ao local, o que o converteu no primeiro peregrino da história. A partir daí, a notícias foi se propagando e pessoas de várias partes peregrinavam rumo a Santiago. Já o nome Compostela vem de "campo de estrelas", fazendo alusão ao fato de as estrelas terem servido como guia para o túmulo do apóstolo.

Como eu não tinha um mês para fazer o caminho todo, resolvi fazer os últimos 100km do Caminho Francês. O que corresponderia a quatro dias de caminhada [quase nada perto do um mês que os peregrinos que partem da França passam caminhando]. E ainda assim teria direito a "Compostela" quando chegasse a Santiago. A "Compostela" é um documento dado pela Igreja a todos aqueles que cumprem mais de 100 km do caminho andando, e 200km de bicicleta. Ouvi duas versões diferentes para a finalidade desse docuemento. Uma é a remissão dos seus pecados. A outra é que com a Compostela você passará metade do tempo no purgatório. Não sei qual das duas é a certa. Só sei que mais do que qualquer papel, o que fica mesmo é a experiência, que será contada ao longo desta semana.