Era uma segunda-feira normal. Ela acordou cedo, com aquela sensação de "saco! outra segunda-feira pra começar mal a minha semana!". Mas fazer o quê? Levantar era preciso. A essa altura a função "soneca" do celular já havia sido acionada duas vezes. Ou seja, ela já estava um tanto quanto atrasada. Se não corresse, não ia dar tempo de pegar o ônibus. Então ela pensou que ficaria meia hora plantada esperando o próximo ônibus, reuniu todas as suas forças e deu um pulo da cama [Às vezes ela pensava isso e obtinha o efeito inverso. "já que vou ficar meia hora esperando em pé lá, eu posso ficar meia hora esperando deitada aqui!"]. Mas antes ligou a televisão em algum noticiário matutino pra ter algum barulho e motivação para abrir os olhos e colocou seus óculos [sem eles ela não enxerga nada, e fica muito mais difícil ter ânimo para levantar]. Calçou o chinelo. Seguiu rumo ao banheiro achando que tinha esquecido alguma coisa. No caminho, ainda cambaleando, bateu a cabeça em um armário que "apareceu" na sua frente. Falou alguns palavrões e seguiu em frente. Ao chegar no banheiro, foi fazer suas necessidades. Levou sua mão ao suporte e não tinha papel! Era tarde demais. Aí vem todo aquele ritual chatíssimo de trocar papel higiênico, né?! E, no caso, mais chato e irritante ainda porque a falta foi constatada quando o fato já havia sido consumado, se é que vocês me entendem.
Depois de praguejar mais um pouco, entrou no box. Ligou o chuveiro e entrou com tudo embaixo dele. Quando abriu a saboneteira, qual foi a surpresa? [Não. Não era a falta de sabonete. Ele estava lá. Maaaaas...]. Sabe quando o sabonete ta acabando e só ficam aqueles pedacinhos. E mesmo que você junte não dá pra ensaboar nem antebraço esquerdo? Pois é. Foi isso que ela encontrou. Começaram a se formar em sua cabeça teorias da conspiração. Só que o tempo não parou para ela pensar essas coisas. Ela lembrou disso, largou a teoria de lado e começou a pensar numa solução para o sabonete. O jeito foi tomar banho com shampoo. Ela se sentiu um cachorrinho numa pet shop.
Banho resolvido, hora de desligar o chuveiro e correr pra trocar de roupa e rezar pro ônibus ter atrasado. Mas lembra que ela foi pro banheiro achando que tinha esquecido alguma coisa? Pois é. Agora ela lembrou. Era a toalha!
“Meeeeeeeeeerda!”
Ela gritou internamente. Afinal, tinha que respeitar as demais pessoas que dormiam na casa. E, justamente por isso, não pôde gritar ninguém pra pegar sua toalha láááá no varal. Deu uns pulinhos, se sacudiu toda, no melhor estilo cachorrinho na pet shop! Olhou para o lado e viu a toalha de rosto. Seus olhos até brilharam! É. Ela se enxugou na toalha de rosto. Era o que tava tendo.
Aí sim, correu para o quarto e foi escolher uma roupa. Pegou a primeira que apareceu. Não tinha tempo pra se emperequetar e escolher a melhor roupa. O ônibus passaria daí a 7 minutos e ela ainda tinha que pegar o elevador de dois posts abaixo.
Na pressa, sabia que esquecer alguma coisa. Bom, não sendo as calças, pro resto ela daria um jeito. Ao esperar o elevador, que tinha acabado de descer, ela começou a pensar que se perdesse o ônibus, ia montar uma ONG junto com Murphy e Joseph Climber.
Felizmente, pelo menos o ônibus ela conseguiu pegar. Foi a última pessoa a entrar. O motorista já estava fechando a porta. Estava lotado, é claro. Ela foi em pé, se apertando no meio daquela gente toda. Mas pelo menos conseguiria chegar a tempo. Ufa!