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O que eu mais gosto de fazer

Desde pequena eu sempre fui das letras. Na escola, não sei em que ano, fiz uma atividade que pedia pra completar a frase "Na escola o que eu mais gosto de fazer é:". E eu completei a frase com "Escrever". Nunca gostei de tabuada. Até hoje, se você pedir pra responder rápido, eu vou gaguejar diante de um "7x8" da vida. Aliás, engasgarei para boa parte da tabuada do 7 e do 8.

Daí veio uma certa rejeição para com a matemática, coitada. E, consequentemente, para com a física. Mas o caso da física é bem mais grave. Inclusive gerou traumas na época do falecido vestibular. Quando fiz a prova da UFMG, em 2006, alcancei 98 pontos de 120 (pontuação que me garantiria na segunda etapa até se eu tivesse me inscrito para medicina). Acontece que era necessário acertar pelo menos cinco questões em cada uma das disciplinas. E na maldita da física eu acertei apenas quatro, o que me desclassificou. Eu, que já não gostava, passei a ter uma repulsa a qualquer coisa que remetesse a física, até um inocente velocímetro de carro.

E o vestibular em questão era para qual curso? Comunicação Social - Jornalismo. Tudo isso porque eu tinha um sonho de ser jornalista da Folha de S. Paulo. Jornal impresso, preto no branco, para fazer todos os dias o que eu mais gostava desde a minha alfabetização: escrever.

Mas onde eu quero chegar com essa história toda? É que o tempo foi passando, a Folha de S. Paulo foi ficando cada vez mais distante. E quem apareceu na minha vida? A matemática. Eram gráficos de fluxo de pessoas e veículos, métricas de redes sociais, planilhas de orçamento e fluxo de caixa, análise de resultado de campanha...

Eu, que até então era das letras, passei a ser profissionalmente dos números. E tomei gosto pela coisa. Nas horas vagas, o dia a dia corrido depois da mudança pra cidade grande, com roupa pra lavar, supermercado pra fazer, horas no trânsito e no trabalho, me afastaram do que era a minha atividade favorita. Larguei o blog de lado e, de dois em dois meses, quase que por obrigação, escrevo uma crônica para uma revista da minha cidade, a convite da minha tia.

Mas chega uma hora na vida que você repensa e pensa se está conseguindo fazer o que realmente gosta. E o que eu gosto é de tocar as pessoas de alguma forma com as palavras. E palavras escritas, vamos deixar bem claro. Porque quem me conhece sabe que eu não gosto muito de falar.

Então aqui estou eu, três anos depois, atualizando meu adormecido blog, na esperança de conseguir fazê-lo com mais frequência, ficar famosa na internet e a Folha de S. Paulo me convidar pra ter uma coluna semanal de crônicas.