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Starsailor

Vou falar hoje de uma banda que eu descobri esses dias, numa entrevista de emprego (?!). É. Acho que não consegui a vaga. Mas descobri uns sons bem legais. Aos poucos vou colocando aqui.
A primeira se chama Starsailor.
Não conheço muito. Mas o pouco que eu vi, já gostei. E procurando saber mais um pouco sobre a banda, qual não foi a minha surpresa? Eles são ingleses! Yeah, beibe! Tinha que ser, né?! O bom e velho rock inglês.
A banda é nova. Surgiu em 2000. Os rapazes já têm quatro álbuns lançados.
"Fever" é o primeiro single da banda. Lançado em 2001. Outras canções de sucesso do primeiro álbum são: Love is here, Way to Fall. Vale ressaltar que em 2006 eles tocaram no Rock In Rio [Lisboa]. Não tem muitas informações sobre eles na internet. Pelo menos não em português. Mas o que interessa é o som. Então, aí vai a primeira música que eu ouvi and after that felt in love with them, "Four To The Floor":



Se você curtiu, segue aí o site da banda e o MySpace:
http:/www.starsailor.net
http://www.myspace.com/starsailor

O acordo sai ou não sai?

A crítica jornalística de hoje foi feita com base nas notícias sobre o anúncio, feito ontem, de um acordo nuclear entre Estados Unidos e Rússia. Cada jornal pegou um gancho diferente para tratar do assunto. O NYT, jornal que circula em um dos países envolvidos no fato, trata do tema com foco na visão russa. Tanto, que o nome do presidente Obama aparece apenas uma vez na matéria: no título. O El País trata dos benefícios e avanços do acordo, e das  dificuldades de sua execução. O Le Monde trouxe um texto pequeno, também falando das vantagens do tratado. Vamo às notícias


The New York Times
El País
Le Monde


O El País começa a notícia de forma otimista, dizendo que Obama anunciou um tratado que deixa o mundo mais seguro. O Novo Start, nome dado ao acordo, permitirá a eliminação de 30% dos arsenais atômicos de Estados Unidos e Rússia. O jornal ressaltou que o tratado serve para solidificar o clima de cooperação entre os dois países. Explicou que o Novo Start substitui um acordo assinado em 1991 por Mijaíl Gorbachov e George Bush e é uma prova de que os países resolveram trabalhar pela paz. O que contribui para a respeitabilidade da Rússia e eleva o prestigio Obama. Mais a frente o jornal pondera que o caminho que vem pela frente é difícil e não é garantido que o tratado chegue a ser colocado em prática algum dia. Um dos motivos é que o documento precisa passar pela aprovação do senado dos EUA.


Obama transmitiu uma mensagem positiva e citou vários políticos que apoiam a causa. Mas não disse que a polêmica da reforma do sistema de saúde pode atrapalhar. Por causa das mudanças que o Obama que implementar na política de saúde dos EUA, muitos republicanos admitiram publicamente que não apoiam o presidente em causa alguma. Outro grupo que pode atrapalhar são os conservadores, que acreditam que o acordo pode enfraquecer as defesas da nação. Todavia, o tratado é uma forma de cobrar colaboração de outros países, como Irã e Coréia do Norte.

Apesar da matéria pequena, o Le Monde trouxe informações que não estavam em nenhum dos outros dois jornais, mais preocupados com análise do fato. Informação 1: o acordo pode limitar as 1550 o número de ogivas nucleares nos países. Informação 2: o tratado será firmado no dia oito de abril, em Praga. A data não foi escolhida aleatoreamente. Ela marca o "quase" aniversário do discurso que Obama fez dia 5 de abril de 2009, na capital tcheca, sobre sua visão da desnuclearização [se é que essa palavra existe. Foi a tradução que eu dei para o francês "dénucléarisé"]. Traz a mesma análise do El País, de que o acordo é uma etapa importante na aproximação dos EUA e da Rússia

Já o NYT, surpreendentemete [pelo menos pra mim!] traz a visão russa do tratado. Mas essa opção pode ser explicada pelo enfoque dado à notícia. Logo na primeira frase da matéria é possível entender:  Moscow seemed to have its mind on other things. O jornal diz que nenhuma alta autoridade russa se pronunciou sobre o assunto, porque estavam ocupados com assuntos como enchentes de primavera e o desempenho de atletas nos jogos de Vancouver. A maior autoridade a falar sobre o assunto foi o Ministro das Relações Exteriores, Sergey V. Lavrov. Mesmo assim, de acordo com o jornal, foi uma reunião às pressas com a imprensa na hora do jantar. O ministro chamou o acordo de "real progresso" nas relações entre EUA E Rússia. Mas acrescentou que o país poderia "pular fora" se concluísse que os planos de defesa anti-mísses americanos comprometem a sua dissuasão nuclear. Alguns questionamentos de autoridades russas 
são expostos na matéria, como: “Should we have signed a treaty which does not give us any kind of serious guarantee?” “This is something which will be debated”. Mais a frente acrescenta: uma razão para cautela dos russos é a votação no senado, onde qualquer sinal de triunfalismo russo pode "pegar mal".

Ou seja, parece que o jornal americano pretendia demonstrar para a população que a Rússia não está totalmente de acordo como o tratado. Existem muitas divergências e os russos não vão aceitar sair prejudicados. O que não deixa de ser verdade. Mas bem que o NYT poderia ter colaborado e mostrado mais vantagens do acordo, que ficaram ofuscadas no texto. Dessa maneira, mais uma vez, o jornal induz a conclusão do leitor. Que pode, por ventura, formar sua opinião contra o Start, com base nos inúmeros motivos que os russos têm para não cumprir o tratado.




Tudo igual

Acorda. Quase sempre não toma café. Vai trabalhar. Uma pausa para ir ao banheiro. Já que está ali, aproveita e toma um cafezinho. E uma água depois. Cumprimenta as pessoas no corredor. Trabalha mais um pouco. Outra pausa. Agora é para o almoço. Tem que ser rápido. Tem horário para voltar ao batente. Às vezes acha o trabalho chato. Mas abstrai. Já faz mecanicamente. Pensa na grana que vem no final do mês. E que em pleno dia 15 já está no finalzinho. O dinheiro é o mais importante. Volta. Trabalha mais. Vai ao banheiro de novo. Na volta, cafezinho e água. Dá uma morcegada na internet, porque ninguém é de ferro. Entrar no site do BBB é de lei. Comenta com o colega do lado as últimas bizarrices que aconteceram na casa. Fala que torce pro Dourado. Mas acha que o Cadu vai ganhar. Dá mais uma voltinha. A essa altura já não dá tempo de começar a fazer alguma outra coisa. Inevitavelmente vai parar no meio. Afinal, falta uma hora para o expediente acabar. Pelo menos é a desculpa que arranja para si. Fica contando os segundos para dar 19h. Ufa! Acabou. Menos um dia. Pega um ônibus lotado. Vai para casa. Toma banho. Junta os restos de tudo o que tem na geladeira e faz um mexidão. Janta enquanto assiste o Jornal Nacional. Depois, tem a novela. Diz que assiste só pra relaxar. Não gosta. Sabe como é homem, né?! Mas se perguntarem o que a Isabel aprontou no capítulo de ontem, sabe falar direitinho. Pega no sono. Dorme para no dia seguinte fazer tudo igual. Só muda de roupa.

John!

Ah! Hoje eu vou falar de um cara que não poderia faltar no meu blog.


O John.


John Clayton Mayer.


Para alguns ele é só mais um bonitinho da música que faz sucesso com as menininhas. Bom, isso não é totalmente mentira. Realmente ele é um chuchuzinho. E, de fato, faz sucesso com as menininhas. As mais famosas seguem o estilo "música mulherzinha". E o público masculino têm um pouco de preconceito.


Mas não é só isso. Ele vai muito além do cara bonito, com voz rouca, que canta músicas românticas. Ele começou tocando rock. Mas aos poucos foi se direcionando para o blues. Já trabalhou com figuras como Eric Clapton, B.B. King e Buddy Guy. E formou o seu próprio trio de blues, com Steve Jordan e Pino Palladino. Eles têm um álbum lançado, o "Try", e o compacto "Who Did You Think I Was?".


Tá. Nem por isso o John deixa de ser pop. Mas o blues exerce uma grande influência na sua música. Sem contar o fato de ele ser considerado um dos melhores guitarristas da atualidade.


Vou parar de puxar saco e deixar vocês com "Every Day I Have The Blues", com John Mayer Trio, só pra mostrar que não é só de "Your Body is a Wonderland" que vive John Mayer.





Leva de escândalos na Igreja Católica



O assunto de hoje é bem polêmico. O escândalo da Igreja Católica alemã, evolvendo padres acusados de abusar sexualmente de menores. São matérias com o mesmo assunto, mas com enfoques completamente diferentes. Cada jornal pegou um gancho e destrinchou, utilizando informações diferenciadas. Vamos ver um pouco da repercussão internacional do assunto.



O NYT, como sempre, tinha a matéria mais extensa. Mas a menos analítica. Apenas expôs os fatos e deixou a análise para os entrevistados. A matéria começa com uma declaração do papa, de que deseja "arrependimento, cura e renovação". Declaração essa que só veio depois de um alto funcionário do Vaticano dizer que com apenas 10 pessoas não é possível dar conta de analisar todos os casos. A maior parte da matéria é baseada em uma entrevista com o Monsenhor Scicluna, o responsável pelas investigações. De acordo com o próprio texto, é uma figura difícil de conceder entrevistas. Portanto, eles aproveitaram. Colheram declarações sobre vários assuntos. O excesso de trabalho. A opinião dele sobre as acusações de que o papa teria responsabilidade em um dos casos (essa semana um padre, que já havia sido condenado por abuso sexual, teve suas atividades na igreja suspensas. Foi Joseh Ratzinger, quando ainda era arcebispo, quem o autorizou a voltar a trabalhar após a condenação). E sobre o que deve ser feito para resolver a situação. 
A matéria trouxe inclusive declaração da chanceler alemã, Angela Markel, dizendo que as denuncias de abuso são um desafio para a sociedade alemã. Trouxe uma retrospectiva, falando dos casos de abuso sexual que abalaram a igreja católica nos EUA , uma década atrás. Fato semelhante ao que acontece na Alemanha hoje. Informou que a conferencia dos bispos alemães anunciou que vai abrir um linha de telefone para denuncias de abuso sexual até o dia 30 de março.

O El País trouxe um angulação diferente. Focou mais na questão da suspensão das atividades clericais do padre que abusava de crianças. Ressaltou logo na primeira frase que Josph Ratzinger era o arcebispo que o autorizou a ir trabalhar em Munique, em 1980. Falou que o paroco continuava suas funções mesmo depois de ter sido condenado a 18 meses de prisão por abuso de menores e que as pessoas da comunidade onde trabalhava só conheceram seu passado essa semana. Traz uma análise, dizendo que a tardia expulsão é uma tentativa de frear a avalanche de críticas dos católicos alemães conta o Vaticano. Informa alguns dados: foram investigados 3.000 padres, entre 2001 e 2009, por casos relativos o último meio século, mas apenas 300 deles foram condenados e 10% dos que foram condenados foram expulsos. A matéria analisa que apesar dos esforços, a igreja vai levar tempo para reverter os erros do passado.
Relatou as muitas críticas com relação ao silêncio do papa e uma resposta interessante do secretário de estado Vaticano " A Igreja ainda tem grande confiança dos seus fiéis, e mesmo se alguém tentar minar a confiança que temos uma ajuda especial de cima".

A matéria do Le Monde já pega um terceiro enfoque: o silêncio do papa após a divulgação das denúncias. O primeiro parágrafo começa falando do apelo de diversos líderes alemães por um posicionamento do papa sobre o assunto. Menciona ainda que o papa já trabalhou em algumas dioceses relacionadas aos escândalos. Mais a frente traz a declaração de uma fonte do Vaticano de que o papa vai falar claramente sobre os casos de abuso que aconteceram na Irlanda. Mas nada foi mencionado sobre a Alemanha. O parágrafo seguinte fala sobre o caso irlandês. Sem grandes destaques para os casos alemães.



Estrelas

Era de noite. Ela andava pelas ruas procurando um lugar de onde pudesse ver o céu em meio aos prédios enormes da cidade. Estava cansada daquelas luzes, letreiros, propagandas. Estava cansada de olhar para cima e enxergar o teto do apartamento. Até colou daqueles adesivos que brilham no escuro, em formato de estrela, no teto do seu quarto. Às vezes ficava olhando e pensando na vida antes de dormir. Mas não era a mesma coisa. Aquilo acabava a fazendo lembrar da quantidade de coisas em sua vida que foram substituídas por outras que não surtiam o mesmo efeito. Eram imitação barata. Só o que queria era um pouco de ar puro. Poder sentir a brisa no rosto enquanto olhava as estrelas no céu. Era pedir muito? Parece que sim. Pois por onde andava era possível enxergar apenas uma frestinha do céu em meio aos edifícios. Será que mais ninguém gostava de ver o céu? Por que deixavam fazer construções tão altas que tampavam uma das coisas mais bonitas que existem? Não conseguia entender. Andou. Andou. Andou. Até que encontrou um clarão em meio aos arracéus. Era um campo de futebol. Estava bem movimentado. Bastante gente na entrada. Quis conferir o que estava acontecendo. Talvez aquele fosse o lugar ideal. Parecia que o jogo já havia acabado, pois viu o que pareciam ser pessoas uniformizadas saindo de campo. Resolveu esperar que todos fossem embora, pois sabia que ali conseguiria ver uma extensão maior de céu do que em qualquer outro lugar da cidade. Enquanto esperava, ficou tercendo para que desligassem os refletores. Se não, não adiantaria nada. Veria o céu. Mas neca de estrelas. Não demorou e ficou tudo escuro. Na arquibancada ainda havia bastante gente. Não se importou. Pulou a muretinha sem grandes dificuldades e caiu no campo. Logo olhou pra cima e Uau! Quantas estrelas! Se deitou. Não demorou muito, começou a ouvir o barulho de crianças. Achou elas estavam aproveitando que o campo estava livre para brinca um pouco. Nem se importou muito. Continuou sua contemplação so céu. Como o barulho vinha se proximando, resolveu mudar de lugar. De repente uma moça se aproxima . “Você que é a estagiária da segunda-série que veio ajudar a organizar as crianças?” Ela não entendeu nada. Estagiária? Crianças? De onde surgiu essa mulher? Sem esperar resposta, a tal moça entregou a ela uma turma de crianças de uns sete anos de idade. “Aqui estão eles. Ainda bem que você veio. A professora Marilda estava preocupadíssima com a apresentação. Queria vir mesmo passando mal, acredita?” Apresentação? Como assim? Não deu tempo de recuperar o fôlego para responder. A mulher deu as costas e foi em direção a um outro grupo de crianças que se aproximava. Atônita, ela segurou a mão das primeiras crianças da fila e foi andando para frente acompanhando o fluxo. Pensou em sair correndo. Mas como ela deixaria aquelas vinte crianças ali? Sem saber que atitude tomar, perguntou para o primeiro da fila se ele sabia o que fazer. Ele disse que já haviam ensaiado muitas vezes e já sabia de cor a coreografia do show. Naquela noite, as últimas estrelas que ela viu, estavam no chão. Dançando na festinha de encerramento do ano letivo.

Móveis Coloniais de Acaju

Por acaso, quando você estava no colégio, seu professor de história te ensinou alguma coisa sobre a Revolta do Acaju? Não? Já que você não estudou, seguem algumas informações: em algum ponto do século XVIII, Índios e Portugueses se uniram para tomar de volta a Ilha do Bananal da Coroa Britânica. A destruição de móveis e cachimbos feitos da madeira acajus mognole deu nome à revolta. E fique sabendo também, que foi a partir desse fato que o nome da banda Móveis Coloniais de Acaju teve origem.


Ficou confuso? Já abriu o Google para tentar descobrir mais sobre essa revolta que você não estudou? Ou não lembra que estudou? Nem se dê ao trabalho. Tudo não passa de uma brincadeira dos integrantes do grupo. Essa revolta nunca existiu. Mas o "trote" pegou muita gente durante um bom tempo. Tanto é, que se algum desavisado entrar no site da banda, encontra a definição, citada no primeiro parágrafo, para a revolta. Mesmo depois de um ex-integrante ter admitido publicamente, no ano passado, que Revolta de Acaju não existiu, eles deixaram lá, para quem quiser ver, a explicação para o nome. A Época até publicou uma matéria interessante sobre o assunto, com o relato de como foi desvendada a farsa.


Brincadeiras à parte, a Móveis Coloniais desponta no cenário do rock nacional como uma das mais importantes bandas independentes do país. Tudo começou em Brasília, no ano de 1998. De lá para cá, os caras lançaram dois discos: Idem e C_mpl_te. Participaram de vários festivais, inclusive na Europa. E têm um festival próprio, o Móveis Convida, que já teve cinco edições. O estilo musical é uma mistura de rock com ska (gênero jamaicano que combina mento, calipso, jazz e rhythm and blues, e deu origem ao rocksteady e ao reggae), uma pitada de música do leste europeu e de música brasileira.

Segue aí o vídeo de uma das músicas mais conhecidas deles, presente no álbum Idem, "Aluga-se Vende"



Vale a pena visitar o site da banda. Tem um visual bacana e é bem completo.
Eles também estão no MySpace e no Twitter.

Comentário infeliz

Hoje vou falar um pouco sobre como os sites de jornais internacionais repercutiram a declaração de Lula sobre os presos políticos de Cuba. Infelizmente não encontrei nada a respeito, que tivesse sido publicado na data de hoje, no Le Monde. Então ficamos apenas com as seguintes matérias:


The New York Times
El País


A matéria do El País é bem pequena. Mas nem por isso causa menor impacto. Já começa dizendo que o presidente brasileiro colheu uma chuva de críticas por sua declaração comparando presos políticos de Cuba com delinquentes. A publicação contextualizou a informação com as falas de Lula: "Temos que respeitar as determinações da justiça e do governo cubanos"; "a greve de fome não pode ser um pretexto dos direitos humanos para liberar as pessoas. Imaginem se todos os delinquentes presos em São Paulo fizerem o mesmo para pedir sua libertação".

Logo em seguida traz a repercussão com declarações de políticos e instituições brasileiras. Raúl Jungmann, do opositor Partido Popular Socialista, cassificou como "desastrada" a declaração e disse ainda que "usar a situação dos presos brasileiros para defender a tirania de Cuba não é mais que cinismo". A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que eles chamaram de Colegio de Abogados, acusa Lula de "polarização ideológica". Nas notícias a respeito do assunto publicadas no Brasil, não vi nenhuma que colocasse as declarações do presidente da OAB, Ophir Cavalcante, nesses termos.

Em defesa, colocaram a fala do deputado Maurício Rands, do Partido dos Trabalhadores, na qual diz que Lula "se expressou mal ou não foi compreendido, pois conhece a diferença entre um preso político e um preso comum."

O NYT não deixou por menos. Trouxe uma matéria bem maior. Fez questão de classificar o governo da ilha como comunista. Num primeiro momento o texto traz a segunte fala de Lula "temos que respeitar as decisões do sistema legal de Cuba, e do governo, de prender pessoas de acordo com as leis de Cuba, do mesmo modo que eu gostaria que eles respeitassem o Brasil". Posteriormente, a afirmação do dissidente de Cuba, Guillermo Farinas, diz que Lula deveria tomar um posição contra o regime de cubano, ao invés de falar que respeita as decisões do governo.

Ressaltaram as declarações do presidente de que greve de fome não deve ser usada como forma de conseguir a liberdade, contrastando com a atitude do próprio Lula, que praticou o ato durante a ditaduta militar no Brasil. Mais a frente, a matéria traz uma declaração do presidente, afirmando que não o faria novamente. "Penso que é loucura maltratar o próprio corpo". E completou dizendo que é hipocrisia a leva de críticas à Cuba, já que não é só lá que pessoas morrem em greve de fome.


O jornal foi mais fundo, dizendo que o maior foco de cítica consistiu na comparação dos dissidentes de Cuba com os criminosos da maior cidade do Brasil, que coordenam o tráfico de drogas por trás das grades e orquestraram uma onda de assassinatos nas ruas, em 2006 (pegou pesado, mas não deixa de ser verdade). Lembrou que Lula esteve em Cuba no final de fevereiro, para um encontro com Fidel e Raul Castro, horas depois da morte do dissidente Orlando Zapata, em decorrência de greve de fome. Na ocasião, Lula lamentou profundamente a morte de Zapata.

Também havia declarações do ministro Celso Amorim em defesa de Lula. Que fez questão de ressaltar que o Brasil investe em projetos de infraestrutura e desenvolvimento em Cuba. E acrescentou que cabem aos Estados Unidos levar mudanças mais rápidas a Cuba, com o final do embargo ecnômico, que já dura 48 anos. Achei interessante eles publicarem isso. Normalmente vetam qualquer declaração que desabone os EUA. A matéria termina com a repercussão do fato no Brasil, através de uma série de outras declarações contra Lula. E usa como fontes a Folha de S. Paulo e O Globo.

É, Lula, a coisa não ficou bonita para você depois dessa declaração infeliz (outra, né?!).

A estátua


Acordou  cedo. Mais um dia de trabalho. Ainda estava escuro. Trocou de roupa. Tomou seu café. Saiu.
Era empregada doméstica. Já estava acostumada com a função. Era bem cuidadosa. A possibilidade de estragar ou quebrar alguma coisa de algum de seus clientes lhe dava arrepios. Até aquele dia, não tinha quebrado sequer um copo. Se orgulhava disso. Porque sabia que, por mais que seus reflexos fossem bons, era meio distraída. E, num minuto de bobeira, poderia colocar seu emprego na berlinda.
Após uma hora no trajeto, chegou ao seu destino. Os donos da casa na qual estava trabalhando gostavam muito de arte. Tinham obras de artistas famosos por todos os cantos. Eram quadros, esculturas... Ela não entendia muito do assunto. Aliás, achava aqueles quadros bem estranhos. Tinha até um de um cara que ela achava o nome bem engraçado: Picasso! Como pode alguém colocar um nome desses num filho? Pensava ela. 
Daquelas obras todas, a única coisa que sabia era que custavam bem caro. Sempre pescava a conversa da patroa no telefone. Era inevitável. Só se fosse surda para não ouvir. Vira e mexe a dona da casa falava os valores pelos quais ela adquiria as peças. Valores beeeeem superiores ao salário pago à empregada. Cada vez que ela ouvia alguma coisa parecida, batia uma indignação. Por que esse quadro feio, que fica parado na parede, vale mais do que o meu esforço para realizar meu trabalho? Aquilo não entrava na cabeça dela. Às vezes tinha ódio daquela tralha toda, que aliás, só aumentava o seu serviço. Mas imaginava que se danificasse alguma, teria que pagar. E não seria barato. Por isso tomava cuidado.
Deu início às atividades do dia. Já foi tirando o aspirador de pó do armário. Limpou um dos quartos e o banheiro. Para limpar a sala, teria que pegar um outro aparelho, especial para aquele tipo de piso. Eram muitos tubos e fios. Mas não tinha tempo para ficar desenrolando. Saiu puxando um dos aspiradores sem olhar pra trás. 
Só ouviu um barulho. O coração até parou. Se lembrou de uma mesinha que ficava no corredor. Em cima dela tinha uma estátua (mais uma!). Quando olhou pra trás, viu a estátua caindo. Parece até que foi em câmera lenta. Mesmo se usasse todo o seu reflexo, não adiantaria. Estava longe. Optou por assistir ela se estilhaçar no chão. 
Quando a queda acabou, chegou mais perto para ver o estrago. Já estava preparando seu discurso para a patroa. Não sabia bem como iria explicar. Talvez falar que o aspirador ficou louco, soltou da mão dela e saiu andando, até que bateu na mesa e derrubou a estátua. É. Não era uma boa desculpa. Passou a pensar de onde tiraria o dinheiro para pagar. Parou de pensar e pegou a estátua, antes que a patroa aparecesse para ver o que causou o barulho. 
Para a surpresa da empregada, a estátua estava inteira. Ufa! Rapidamente colocou-a no lugar e continuou seu trabalho como se nada tivesse acontecido. Pouco depois, como era de se esperar, a patroa apareceu. 
-Ouvi um barulho. Aconteceu alguma coisa?
- Nada não, senhora. Eu que tropecei nos fios do aspirador e caí.
Daquele dia em diante, nunca mais puxou o aspirador sem olhar pra trás. E abriu uma poupança. Sabe lá! Sorte assim ela não teria de novo.

Tecnobrega

Lembra do movimento funk que começou no Rio de Janeiro e invadiu o Brasil nos anos 90? Pois é. Estamos vivenciando algo parecido com o tecnobrega agora. Movimento que começou no Pará, na periferia de Belém, e está tomando conta do país. O maior exemplo disso é a Banda Calypso, com os caricatos Joelma e Chimbinha, que há algum tempo conquistaram o concorrido mercado do sudeste.


O que surpreende nisso tudo é que o funk foi um movimento que surgiu na periferia do Rio de Janeiro, um grande centro. E o tecnobrega fez algo quase impossível, sair da periferia da periferia e tomar o Brasil. Quem nunca ouviu falar de Stéfhany (com FH e Y), a menina do Cross Fox? Viral da Volkswagem ou não, o fato é que ela se tornou um fenômeno na internet, com a sua versão "brega" para a música da Vanessa Carlton, "A thousand miles". O refrão "eu sou linda, absoluta, eu sou Stefhany" é diferente de todo o padrão de música que nós estamos acostumados a ouvir. Por isso, para muitos é considerado como lixo. Já que foge ao que foi estipulado como bom.


Mas para mim a coisa não funciona desse jeito. Alías, em mim surte o efeito contrário. Justamente por fugir de tudo o que a gente está acostumado é que eu acho esse tipo de música sensacional. Mais sensacional ainda são os recursos e artimanhas que o pessoal desse movimento usou para conquistar o seu espaço no mercado musical brasileiro. E o mais importante, sem depender da tão seletiva indústria fonográfica. Eles deram um "olé" nas grandes gravadoras do sudeste e provaram que para fazer sucesso não é necessário se mudar para Rio ou São Paulo. 


Fizeram da pirataria uma aliada. E criaram um sistema que, quem sabe até, pode ser usado como alternativa para a crise que o mercado fonográfico vem enfrentando. Tudo começa com a música produzida em casa. Ela é apresentada em uma "festa de aparelhagem", nome que eles dão aos "festivais" de tecnobrega. A partir daí, se público gosta, começam a parecer convites para apresentações. O próximo passo é formar uma banda e depois gravar um disco. Os artistas não têm gravadora e nem precisam pensar na produção e distribuição do álbum e nos custos disso. A tarefa fica a cargo dos "pirateadores". O que garante o "leitinho das crianças" são as várias apresentações ao vivo que os músicos são convidado a realizar. 


O brega sempre foi assim. Desde Amado Batista e Reginaldo Rossi. Eles não aparecem no Faustão todo domingo. Mas arrastam muitidões nos shows que realizam Brasil afora. 


Pode parecer piada. A reação de quem vê pela primeira vez uma estrela do tecnobrega se apresentar realmente é de, no mínimo, espanto. Aqueles figurinos coloridos, cheios de paetês, no melhor estilo brega; as letras, que surpreendem por dizerem coisas que ninguém imaginou poderem estar em uma música ("cavalo manco, agora eu vou te ensinar. Isso e muito mais você só vai encontrar no Paráááááááá"); fora a superprodução, com luzes e fogos. Realmente foge de tudo o que a gente está acostumado. Mas o negócio é sério. E já virou objeto de estudo. Se você se interessou, o advogado Ronaldo Lemos e a jornalista Oona Castro transformaram o fenômeno em livro: Tecnobrega: o Pará reinventando o negócio da música

Agora eu deixo vocês na companhia de Gabi Amarantos. Uma espécie de Stefhany mais velha. Estrela de primeira grandeza no Pará. Se apresentou no Rio, no Circo Voador, que já foi palco de Cazuza e Los Hermanos! Tá aí um trechinho da apresentação com a Orquestra Imperial:




And the winner is...


Hoje é Dia da Mulher. Ontem foi dia de Oscar. E, no Oscar, quem ganhou o prêmio de melhor direção foi, pela primeira vez, uma mulher! Curiosamente, desbancando seu ex-marido e concorrente. Bela maneira de começar o Dia da Mulher, não? Com direito a surpresa no final: o filme do marido, considerado favorito, perdeu para o dela na categoria Melhor Filme. E, indo contra o mito de que mulher é "gastadeira", o grande ganhador da noite teve um orçamento de 11 milhões de dólares. Um trocado, perto dos 500 milhões gastos pelo ex-marido. 


É, minha gente, estou falando de "Avatar", de James Cameron, e "Guerra ao Terror", de Kathryn Bigelow. 


Normalmente na coluna de crítica eu faço análise de assuntos mais relacionados a política. Mas, devido a todos os fatos listados acima, vou abrir uma exceção e falar do Oscar 2010.
Vamos à repercussão desse fato, digamos, inusitado.


The New York Times
El País
Le Monde


"Well, the time has came". "El tiempo ha llegado". "Bom! L'heure est enfin venue". Ou, em bom português, "Enfim a hora chegou". Todas as matérias reproduziram a frase de Barbara Streisand no momento da entrega do prêmio de Melhor Direção para Kathryn Bigelow. No Le Monde, foi, inclusive, a primeira frase do texto, que num parágrafo mais a frente, touxe um panorama histórico, segundo o qual, desde a criação do Oscar, em 1929, essa foi a quarta indicação de uma mulher para a categoria (Bigelow foi precedida por Lina Wertmuller, Sofia Copolla e Jane Camplon), sendo a primeira vez que uma delas ganha e a primeira vez que uma produção dirigida por uma mulher ganha como Melhor Filme.


Tanto o NYT quanto o El País trouxeram a manchete do Oscar logo no topo da página. No Le Monde, eu tive que acionar o mecanismo de busca. Procurei matérias semelhantes para fazer a comparação, já que, no El País, por exemplo, havia uma lista de matérias relacionadas à premiação. Só com o nome da Bigelow no título tinham três. Dentre as que eu selecionei, a única que difere um pouco em centeúdo é a do NYT, que reuniu toda a cobertura em uma matéria muito longa e deu destaque à vitória de "Guerra ao Terror" no título.


O único que não citou nada sobre o enredo de "Guerra ao Terror", um filme sobre a atuação das tropas estadunidenses no Iraque, logicamente, foi o NYT. O jornal o colocou apenas como um "filme de guerra". 


Todos citaram o fato de "Gerra ao Terror" e "Avatar" serem os favoritos da noite, no entanto o primeiro superou o segundo, levando 6 estatuetas para casa, enquanto o concorrente levou apenas três. O curioso fato de os diretores dos filmes terem sido casados também foi bem explorado.


Ao final da leitura das matérias, cheguei a conclusão de que todos os veículos privilegiaram o filme de Bigelow. Colocaram a vitória como merecida. Não sei se fariam o mesmo com Avatar, caso tivesse ganhado como Melhor Filme. O fato é que, até mesmo o NYT, que sequer falou sobre o enredo da produção, se mostrou mais tendencioso a "Guerra ao Terror".  Algumas frases são até interessantes: 


"Se a academia queria atrair o público jovem com as dez indicações e os possíveis prêmios para Avatar, optou por enviar outra mensagem: 'Preferimos o cinema'" - frase final da matéria do El País. Dispensa explicações, não é? Claramente "acabou" com "Avatar", dizendo que o que foi produzido é qualquer coisa, menos cinema (talvez um jogo de video-game, como dizem por aí).


"Em certo sentido, a temporada de premiações se transformou num confronto entre James Cameron, que dirigiu Avatar, e a sra. Bigelow, que foi casada com Cameron" - The New York Times


"O filme de James Cameron se contentou com três estatuetas em categorias técnicas. A competição entre o blockbuster e o filme independente foi temperada pelo fato de Cameron e Bigelow terem sido casados" - Le Monde


O NYT trouxe uma informação que nenhum dos outros divulgou: Nicolas Chartier, produtor de "Guerra ao Terror", foi banido da apresentação por violar regras do Oscar e enviar e-mails para membros da academia incitando o voto conta "Avatar". A matéria do Le Monde apenas cita que Bigelow não esqueceu de agrader o produtor, que não estava presente. Mas não explicou o porquê.


Em suma, todos citaram, ou deixaram transparecer a opinião de que "Avatar" era um blockbuster 3D, recorde de bilheteria, com orçamento astronômico e favorito que perdeu para um filme pequeno, independente, dirigido por uma mulher. E que mesmo sendo um dos favoritos, a "zebra" na premiação foi justa.


Matérias à parte, o melhor foi assistir às reações da Kathryne!


Momento da entrega do prêmio de Melhor Direção


Táxi - a saga continua



Continuação do post anterior. Se não leu, acessa .

Deixou os arrependimentos de lado e começou a bolar um plano. Sair correndo? Falar que esqueceu uma coisa na rodoviária e voltar... correndo? Mas já era tarde demais. Chegaram no carro.
Como previsto, não era táxi coisíssima nenhuma. Era um carro velho, desses dos anos 80, de modelo quadrado. Um Chevette ou Voyage. Não teve tempo de identificar. Muito menos de olhar a placa. Merda! Quando viu já estava sentada no banco de trás. O estofado rasgado, o som era um toca fitas (bem condizente com a idade do carro, por sinal) e o taxímetro... Bom, ela não achou o taxímetro.
Nesse instante, começou a rezar. Até porque ela nunca tinha estado naquela cidade. Não fazia idéia de qual lado era o centro. E se ele estivesse levando-a para favela do pensamento anterior? Começou a se arrepender de não ter corrido enquanto dava tempo. Por que não seguiu o conselho de pegar só táxi amarelo? Cogitou a possibilidade de na hora que ele parasse em algum sinal, abrir a porta e sair do carro... correndo! Mas o carro era duas portas. E ela estava no banco de trás. Merda de novo!
O que ela podia fazer era ir seguindo as placas que indicavam o centro. Felizmente parecia que estavam indo na direção correta.
Depois de quinze minutos de agonia, que mais pareceram quinze horas, ela começou a avistar prédios e avenidas parecidos com os que ela via na TV. Muito comércio e pessoas andando. É. Estava no centro. Mas e se ele passasse direto?
Foi quando o "taxista" estacionou e avisou que havia chegado.
UFA! Ela abriu um sorriso do tamanho do universo. Ufa, ufa, ufa! Pôde até respirar melhor e conseguiu falar.
-Quanto deu?
-Cem reais.
Estava muito bom para ser verdade.
-QUÊ? CEM REAIS??? Mas não eram mais ou menos quinze? O senhor disse isso na rodoviária.
-Não querida, deu cem reais a sua corrida.
O tom da voz dele deu a entender que não estava a fim de negociação. E vai que ele resolve sacar uma arma? Deus me livre! Tudo bem. Depois do susto, se ele cobrasse 200 ela pagaria. Só de estar viva e do assalto não ter sido à mão armada, já valia o preço. Tudo para sair daquele "táxi".

Táxi

Tinha um compromisso em outra cidade. Bem cedo. Teve que pegar o ônibus de madrugada. Quando chegou ao município de destino, o sol ainda não havia dado as caras. Resolveu esperar na rodoviária mesmo. Era mais seguro. Aquela cidade era grande. Capital. Já sabe como é, né?! A violência corre solta. E não é bom uma moça ficar andando sozinha pelas ruas. Ainda mais no escuro. Além disso, ela estava com muito medo. Sempre via no jornal notícias relacionadas à cidade que davam conta de assaltos, sequestros, aumento de violência e coisas do gênero.
Esperou um pouco. A essa altura o sol já tinha saído. Ainda sonolenta e meio perdida, procurou a saída e alguma placa que indicasse onde ela poderia pegar um táxi. Seguiu o fluxo e desceu uma escada rolante. Nem teve tempo de pensar e já deu de cara com vários táxis amarelinhos. Passou pela sua cabeça um conselho que recebeu, não lembrava de quem: pegue os táxis amarelos ou brancos. Mas antes mesmo de concluir o raciocínio foi abordada por um senhor falante que ofereceu seus serviços de taxista. E já foi andando em direção local onde estaria o veículo. Ela seguiu o homem instintivamente. Ele perguntou para onde ela iria. Ela respondeu que era para o centro e perguntou quanto daria a corrida, mais ou menos. O senhor respondeu que dependia do trânsito, mas que daria uns R$15. Ótimo, pensou ela. E continuaram andando.
Ela não entendeu muito bem para onde ele estava a levando, já que os táxis estavam concentrados bem na porta da rodoviária. Eles estavam se afastando do ponto. O homem não parava de falar. E ela sem oportunidade de perguntar. Ele notou a cara de espanto dela e disse que o carro estava do outro lado da rua. E que era até melhor, porque já estaria na direção do centro. Já que é assim, tudo bem.
Mas quando ela viu o outro lado da rua não teve um bom pressentimento. Era um lugar bem sinistro, sujo, com pessoas estranhas. Para atravessar, eles teriam que passar por uma passarela. E a rua, na verdade era uma avenida bem movimentada.
Aí ela teve CERTEZA de que era uma fria. Começou a pensar que o moço do táxi não era taxista coisa nenhuma. Que iria levar ela para uma favela, roubar todo o seu dinheiro, ou sequestrar, ou estuprar, ou até matar... É, nessas horas o pensamento vai longe. E ela estava sozinha. Indefesa. Apenas 1,58m de altura. E nunca praticou artes marciais. Nesse momento se arrependeu de ter largado o judô logo na primeira aula. 


Continua...

Final de semana de vampiro


Hoje vou falar sobre uma banda de nome curioso, que descobri recentemente: Vampire Weekend. E mais curioso que isso são as influências musicais dos meninos. Mas isso eu deixo para explicar mais adiante.


A descoberta se deu durante a minha estadia nos EUA. A banda me chamou a atenção porque, no tempo em que eu estive lá no Hemisfério Norte (a propósito, se você já ouviu falar que quando você dá descarga no Hemisfério Norte, a água gira para o lado contrário, é mentira), comprei duas revistas: New Yorker e Rolling Stone. E quem estava nas duas, e com chamada de capa? Eles. Lá os rapazes despontam como promessa.


A New Yorker (uma espécie de Piauí estadunidense, com matérias extensas, artigos, e presente na casa de qualquer cidadão que se considere "culto" - pelo menos foi a impressão que eu tive) trouxe uma matéria de cinco páginas sobre o grupo. Com o título "Escola do Rock", o texto traz uma crítica positiva, fala da crescente popularidade e narra a trajetória da banda, contada pelos próprios integrantes de forma divertida. A matéria da Rolling Stone tem um conteúdo semelhante, mas com menos páginas.


O interessante é que, a julgar pelo nome, a Vampire Weekend parece ser uma banda gótica, dessas que os caras só usam preto, pintam as unhas, e usam batom escuro. Pff!!! Nada disso. Na foto que ilustra a matéria da New Yorker, eles estão mais com cara de Menudo do que qualquer outra coisa.


O que diferencia essa banda das demais e a fez ter tanta popularidade em tão pouco tempo talvez seja o fato de as suas principais influências serem uma fusão de British New Wave (tendência entre diretores de cinema da Grã Bretanha nos anos 50 e 60) com guitarras africanas, como define a New Yorker.


Yeah, beibe! Guitarras africanas. E ficou muito bom. Mas eu sou suspeita, porque adoro indie rock. Acho que se colocassem pandeiros poloneses eu ia gostar do mesmo jeito.


A banda tem origem novaiorquina. Os rapazes se conheceram quando cursavam a universidade de Columbia. Ezra Koeing (vocalista e guitarrista), Rostam Batmanglij (teclado, guitarra e segunda voz), Chris Tomson (baterista) e Chris Baio (baixista) lançaram dois álbuns até hoje: "Vampire Weekend" e o mais recente "Contra". Em 2007, o terceiro single da banda, "Cape Cod Kwassa Kuassa", foi o 67º colocado na lista de 100 melhores músicas da Rolling Stone.


Já dei o gostinho, agora confere aí uma das músicas mais famosas da banda (e a primeira que eu escutei, no rádio, ainda sem saber que eram eles) "Cousins":






Para você que é desses tipo eu, que adora ouvir as músicas e ir lendo as letras, para decorar, segue o link da página deles no Vagalume.


Procurando no site da New Yorker, achei uma referência à matéria que eu cito, mas o texto completo está disponível somente para assinantes. Pelo menos dá para ver uma imagem da página que tem a foto estilo "Menudo"! Não achei no site da Rolling Sotne a matéria que tem na minha revista. Mas tem outras lá para quem quiser conferir.


Se você gostou e quer saber mais, acesse o site deles: http://www.vampireweekend.com. Ou o MySpace, http://www.myspace.com/vampireweekend, e se divirta!

Atentados no Iraque

A crítica de hoje traz a repercussão dos atentados terroristas que aconteceram hoje no Iraque, quatro dias antes das eleições para o legislativo. O ataque se deu em três etapas, com a explosão de dois carros bomba próximos a prédios do governo e, posteriormente, um homem bomba no hospital para onde estavam sendo levadas as vítimas dos ataques anteriores.
Aí estão os links das notícias:


A notícia publicada no site do NYT trouxe mais dramaticidade ao assunto. Com o depoimento de duas testemunhas, a descrição ficou mais intensa. Durante toda a matéria o jornal não poupou críticas ao sistema de segurança iraquiano, culpando os atentados à sua ineficiência. Para deixar a "alfinetada" mais real, no final da matéria há um depoimento de um conselheiro de província reclamando da atuação dos oficiais de segurança, que sabiam que o país enfrentaria eleições tumultuadas e deveriam ter tomado medidas preventivas. A matéria diz que providências, como toque de recolher e a proibição de circulação de veículos pelas ruas, entrarão em vigor. Durante o texto, o repórter cita a Al Qaeda, que, de acordo com oficiais militares estadunidenses, estaria realizando recrutamento na região. No depoimento do conselheiro de província, citado acima, também há o nome da organização fundamentalista islâmica, relacionando-a com os acontecimentos. Mas tudo entre aspas, "na boca" da fonte (teoricamente isentando o veículo da acusação). O texto ressalta que a violência que assola o país está "minando a confiança pública nas forças de segurança do Iraque". Uma matéria fraca. Emotiva e sem informações necessárias, como vocês verão adiante.

A reportagem do El País tem um primeiro parágrafo mais elaborado, explicando melhor a situação. Ressalta que esse foi o atentado mais grave desde o início das campanhas eleitorais. E diz que o fato constitui um golpe para a política de segurança do primeiro ministro, Nuri al Maliki, como um sinal de abertura das feridas da recente guerra civil. A conotação que o jornal dá para a Al Qaeda é diferente do NYT. Este coloca o nome da organização de forma "sem contexto", citando, a princípio, apenas a questão do recrutamento. Mas não deixa claro se o atentado foi de autoria da Al Qaeda ou não (apenas induz a conclusão do leitor). Já o El País afirma que nenhum grupo assumiu a autoria dos atentados, mas supõe-se que a culpa seja da Al Qaeda. O texto explica que o objetivo dos sunitas, prováveis autores, é atingir as forças de segurança, comandadas pelos xiitas desde a derrocada de Sadam Hussein. O texto do NYT sequer cita Sadam Hussein (por que será?). Enquanto no El País, o nome aparece pelo menos duas vezes na matéria. Um parágrafo é dedicado a resgatar o conflito entre sunitas e xiitas, principal motivo dos atentados, e descreve que a violência dos anos passados confinou as pessoas em seus grupos, deixando-as pouco à vontade para transitar em outros meios. O veículo diz ainda que as eleições definem quem governará o país quando os EUA retirarem suas tropas do território, no ano que vem. O que também não é citado no NYT. E traduz o atentado como sendo, para os xiitas, um sinal de que existem extremistas sunitas que não estão dispostos a aceitar sua posição política. E para os sunitas, que a violência é uma opção. Um retranca trata da fragmentação política do país e da luta dos grupos para ter representatividade no governo. Não deu muita ênfase às medidas de segurança que serão tomadas, nem à falta de segurança do país causa medo na população, como fez o NYT. Se prendeu mais à análise do conflito.

Como todos os outros, o Le Monde trouxe uma descrição dos acontecimentos. E falou das medidas de segurança implantadas. A matéria traz uma fala do conselheiro do primeiro ministro iraquiano, colocando os atentados como uma tentativa de impedir as eleições. O diário francês diz que a eleição para o legislativo é a segunda desde a queda do regime de Sadam; cita alguns dados do pleito e a retirada das tropas estadunidenses do território iraquiano. O final da matéria fala sobre um atentado a chiitas acontecido em 5 de fevereiro. E começa o último parágrafo com a seguinte citação: "(nós nos) comprometemos a perturbar a eleição por todos os meios possíveis, principalmente por meios militares", alertou o chefe da Al-Qaeda no Iraque, Abu Omar al-Baghdadi, em uma mensagem de áudio divulgada 12 de fevereiro. Com a intenção clara de atribuir os atentados a Al Qaeda. Nem ao céu, nem à Terra. Nenhum relato emocionado e nenhuma grande análise do conflito. 
O que se pede não é muito. Uma matéria sem omitir informações que são imprescindíveis para o bom entendimento do leitor, dando elementos para a formação de sua opinião. Como foi feito no El País e mesmo no Le Monde. E não induzir conclusões, como fez o NYT.