Tudo bem. Acordei. Comi. O avião aterrissou. Na hora do desembarque, nada melhor do que seguir o fluxo. Onde a galera estiver indo, você vai também, com a cara mais confiante possível. Passei pela imigração. Tudo certo.
Dei uma voltinha pelo aeroporto e achei umas coisas que considerei interessantes:
Uma lata de azeite Gallo, dessas que tem em qualquer restaurantezinho no Brasil, no Free Shop custa 9,90. Mas, atenção, 9,90 EUROS. Tipo, uns 22 reais (???). Cheguei a conclusão de que barato no Free Shop é só a vodka mesmo.
E o que dizer das logomarcas conhecidas no Brasil, mas com nomes diferentes?
Kibom/Olá
Época/Focus
A aventura estava só começando. Como para o meu corpo ainda era de madrugada. Cacei uns bancos vazios, fiz minha mochila de travesseiro e dormi. Desse naipe aí (só que em cadeiras menos confortáveis).
O vôo para Madri sairia só às 15h15 (doce ilusão). Até tentei adiantar, mas os vôos anteriores estavam todos cheios. Depois de dormir, fui comer (almoçar, no horário de Lisboa, café da manhã, no horário de Brasília). A essa altura já tinha tentado entrar na internet. Mas era paga. Desisti.
Fui procurar o portão do vôo. No tempo que eu fiquei lá mudou umas três vezes. E cada hora era numa ponta do aeroporto. Mesmo andando quilômetros lá dentro, estava feliz porque o vôo não estava atrasado. Precisava chegar no horário. Ou, no máximo, com meia hora de atraso, para conseguir pegar o ônibus para Salamanca. Eu já tinha comprado a passagem. Era só uma questão (literalmente) de tempo. É que Murphy tarda, mas não falha. O vôo atrasou. As pessoas colaboraram e demoraram a entrar no avião. O vôo em si até que foi rápido. Mas foi mais uma odisséia para abrirem as portas. Finalmente saí do avião. Fui pegar as bagagens. Mas quem disse que elas apareciam? E quando apareceram, quem disse que as minhas passavam? A maior parte das pessoas já tinha pegado as malas, quando as minhas resolveram aparecer. Já estava achando que elas tinham sido extraviadas. Olhei no relógio. Faltavam cinco minutos pro ônibus sair. Se eu corresse, quem sabe dava tempo. Não tinha que fazer imigração nem nada... Era só achar o terminal do ônibus. Só isso. No bilhete falava Terminal 1. Eu estava no Terminal 2. Fui seguindo as placas. Até que achei algo parecido com um ponto de ônibus. Pedi informação e o moço falou que era do ooooooooutro lado do aeroporto. Ótimo! Sai a Tainá correndo, empurrando um carrinho com duas malas gigantes.
Quando chego do outro lado, peço informação de novo. O moço disse que eu tinha que descer e ir até o final do corredor. Mas descer como? Só tinha escada para descer. Só se eu me jogasse do parapeito, junto com as malas. Não via outra alternativa. Até que achei um elevador. Mas era pequeno. Me indicaram outro. Do lado de fora. Desci. Olhei no relógio. Já tinham passado mais de 20 minutos do horário. É. Perdi. Fui até o guichê da companhia tentar trocar o bilhete, mas a moça disse que eles não realizam troca (já sabia disso quando comprei, mas quem sabe, né?!). Tinham poucas vagas para o próximo, e último, horário. Resolvi reclamar na companhia aérea, pra ver seles pagavam a passagem pra mim. Se fosse perto, dava tempo. Mas me informaram que o guichê da TAP era do oooooooooooooooutro lado do aeroporto. Resolvi comprar o bilhete com meu dinheiro mesmo e depois ir à companhia. Quando cheguei lá, só uma vaga: a minha! Realizada a compra, fui lá registrar minha indignação. Tinha esperança de ter o dinheiro de volta. Mas o moço do guichê disse que eles não se responsabilizam quando o atraso deles prejudica o embarque em outros tipos transporte não previstos na compra do bilhete aéreo. Mas que eu podia registrar uma queixa, que eles analisariam. Tinha uma outra basileira lá. Também reclamando. Ela tinha perdido três vôos por causa do atraso. É aquela história: olha pra baixo, tem alguém te dando tchau. Fiquei até feliz que tinha perdido só um ônibus.
Registrei a queixa e fui pro terminal pegar o ônibus. Não sem antes dar um acesso de tosse em frente aos outros passageiros! Na correria, tinha até esquecido que estava com alergia. Dentro do ônibus consegui respirar. Pude entrar na internet e dar sinal de vida. Estava morta. Estrupiada. Com uma olheira enorme. O que eu mais queria um banho e uma garrafa d'água. Cheguei em Salamanca. A cidade é tão linda que até esqueci o cansaço! O Igor Brasileiro foi me recepcionar na rodoviária. Pegamos um táxi. O último meio de transporte do dia. Cheguei no hotel e realizei o sonho da água e do banho. Agora estou feliz!
Moral do dia: não conte a pontualidade das companhias aéreas.