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Banho

Banho é uma das melhores coisas do mundo.
Era isso que pensava todos os dias quando estava prestes a entrar embaixo do chuveiro. O que acontecia pelo menos três vezes ao dia. Ô lugarzinho pra ser quente aquele. Parecia que Deus tinha esquecido aquele canto do mundo. Costumava-se dizer que lá só tinham duas estações no ano: o calor e o inferno. 
Quando você achava que já tinha enfrentado o calor mais calorento de todos, vinha São Pedro e te surpreendia com temperaturas por volta dos 45 graus. Nem uma chuva. Nem uma brisa sequer. Tinha dias em que todos na cidade tinham certeza que iria chover. Os mais fervorosos até se colocavam de joelhos para agradecer. Que nada! Só impressão. As nuvens corriam. Iam se derreter em outros cantos.
O jeito era conviver. Se adaptar ao clima. Tomar três, quatro, cinco litros de água por dia. Tomar três, quatro, cinco banhos por dia. Ventiladores em todos os cômodos da casa. Sair? Só se o lugar tiver ar condicionado. Talvez o fato justifique a superlotação do shopping. A seção de frios dos supermercados também era bastante frequentada. Os namorados davam cactos de presente para as namoradas. As rosas murchavam com muita facilidade. 
Por essas e outras que o maior prazer de sua vida era sentir a água fria, nem sempre tão fria assim, tocando o seu corpo. Mesmo sabendo que depois de desligar o calor que sentiria seria maior. Já saia do banheiro suando.
A maioria das pessoas quer morrer dormindo. Para ela o ideal seria morrer no banho. Seria a certeza de uma morte feliz. Se tivesse jeito de ser enterrada na água então...

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