-->

A bomba que explodiu na mão do Lula

Antes de mais nada, uma breve introdução ao fato que será abordado na coluna de hoje: 

"O Irã concordou em enviar urânio para ser enriquecido no exterior, como parte de um acordo negociado em Teerã entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan."

Leia aqui o restante da matéria publicada no site da BBC.

Com o perdão da piada, mas quem assistiu ao Jornal da Globo ontem, mais especificamente à crítica do Jabour, ficou com uma impressão de que o Lula misturou Activia com Urânio e fez uma cagada atômica! 

Assista aqui ao vídeo do comentário.

Tudo bem que o discurso do Jabour pode até ter um fundo de verdade. Mas a imagem do Lula [e do Brasil] não ficou tão manchada quanto pareceu. Prova disso são as matérias publicadas nos sites dos jornais Le Monde e El País.

 Primeiro Ministro Turco e Lula


A matéria do Le Monde começa dizendo que
"os países emergentes do Sul já tinham feito um grande impacto no cenário internacional em áreas como o ambiente ou o comércio. Esta semana marca um novo passo na ascensão desses países" 


 E emenda em seguida:

"Os livros de história vão lembrar dessa data, segunda-feira, 17 maio, na qual o Brasil e a Turquia chegaram a propor um acordo de negociação com Teerã, na questão nuclear iraniana."

O texto, uma coluna opinativa, deixa bem claro que o que o presidente Lula fez não foi uma burrada.
Fica evidente que o Brasil e a Turquia querem fazer parte do G5+1 e que as ambições políticas do Sul são legítimas. "Eles devem ser recebidos de forma positiva" diz a coluna. Ainda assim é feita uma ressalva sobre a questão iraniana. O G5+1 cautelosamente saudou a iniciativa turco-brasileiro como "um passo na direção certa." No entanto, para mostrar a sua desconfiança eles chegaram a um acordo para impor novas sanções contra a República Islâmica.

O artigo afirma que a atitude foi acertada, mas em momento nenhum desqualifica a tentativa de solucionar o problema por meio do acordo firmado
através do Brasil e da Turquia

No El País não é diferente.  
"Brasil e Turquia estão determinados a provar que quem manda no mundo não são mais as potências que emergiram após a Segunda Guerra Mundial e que o Conselho de Segurança da ONU ficou pequeno."  

A matéria trouxe ainda a fala do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que diz reconhecer os esforços do Brasil para chegar a um acordo com o Irã sobre seu programa atômico e qualificou como um passo positivo o pacto alcançado.
Ainda assim, fez uma ressalva: se o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, não cumpre a sua parte do acordo, o Brasil pode perder muitos pontos na disputa para conseguir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança. Seria também um momento ruim para a Turquia, que é colocada como o principal mediador no Oriente Médio, apesar dos contratempos que teve com o Governo de Israel. 
E o mais interessante:  
"Os dois países também defendem uma solução diplomática para a crise iraniana, porque eles querem deixar a porta aberta para o desenvolvimento de seus próprios planos atômicos para fins civis."


Como se pode ver, o reflexo do acordo na comunidade internacional não foi tão tragico assim.

Vale lembrar que não sou petista. Não pretendo votar na Dilma. E não estou fazendo campanha pra ninguém. Este artigo é apenas uma constatação a partir da comparação das informações divulgadas no Brasil e no exterior. 
Se é que tem alguém fazendo campanha, não é a favor, mas contra. Fiquem de olho. As eleições estão aí.

2 comentários:

Antonio Celestino disse...

Concordo com vc. De fato a crítica ao acordo turco-brasileiro alcançado com o Irã parece um grito daqueles que não querem perder a hegemonia mundial. Sobre o urânio para fins bélicos, sou da opinião de que deveria ser proibido para todos os países, sem exceção. Se a ONU continuar servindo os norte-americanos, os EUA só nos deixarão em paz quando jogarem uma bomba em si mesmos.

Rilordep disse...

Realmente! E em vez de criticar o acordo do Brasil com o Irã as pessoas e a ONU deveriam criticar o desastre ecológico que os EUA estão causando com o derramamento de petróleo no Golfo do México.