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Insônia

Chegou em casa naquele dia com o objetivo de dormir cedo. A semana estava sendo mais cansativa que o esperado. Antes das 22h já tinha se preparado. Escovou os dentes. Tirou as lentes de contato. Tomou seus remédios. Mas nenhum deles era para dormir. Colocou o pijama. Encheu um copo com água e colocou no criado mudo. Se ajeitou na cama. Pronto. Agora era só fechar os olhos e sair pro abraço. É. Não foi bem assim. Passadas cerca de meia hora, nada de sono. Estava difícil conseguir dormir. Contou carneirinhos até chegar no centésimo. Rezou um terço. Ligou a TV. Assistiu todas as entrevias do Jô. Depois procurou um filme na TV Brasil, desses bem lentos e arrastados. Nada. Pegou o livro que havia abandonado há alguns meses por falta de paciência e retomou a leitura. Leu cinco capítulos e nada. Foi até a cozinha. Abriu a geladeira. Pensou. Procurou alguma coisa interessante para comer. Só tinha manteiga, maionese, água e limão. Não dava para fazer nada com aquilo. Procurou a caixinha de chá de camomila no armário. Colocou a água pra ferver. Por acaso, quando foi pegar o envelopinho de chá, seus olhos pousaram sobre a data de validade. Já tinha vencido há quase um ano. Jogou a água quente fora. Pelo menos ajudaria a desentupir a pia. Voltou para a cama. Ficou olhando pro teto. Lembrou de uma reportagem que tinha visto na TV. Ela falava que as pessoas que pensavam em coisas boas antes de dormir, pegavam no sono mais rápido. Pensou em todas as coisas que mais gostava na vida. Inclusive dormir. Foi em vão. Resolveu colocar uma ópera para tocar. O CD acabou e nem sombra de sono. A essa altura o dia já estava raiando. Saco! Odiava ter insônia.  Em pouco tempo teria que levantar para trabalhar. O desespero começou a bater. Sabia que não seria ninguém durante o dia. Mas fazer o quê? Já foi se adiantando e separou a roupa que iria usar. Faltando 15 minutos para o relógio tocar, desarmou o despertador. Já não precisava dele mais. Se encostou na cama para esperar mais um pouco. Já tinha esperado tanto o sono chegar que dez minutos não seriam nada. Encostou na cabeceira e... Dormiu!

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