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Tudo cabe dentro de uma mochila

Sim. Eu sumi. Mas num foi só daqui não. Eu sumi no mundo mesmo. Foram 20 dias ininterruptos viajando. Se contar o Natal em Portugal, dá quase um mês. E nesse tempo todo, tudo o que eu precisava coube dentro de uma mochila de 40 litros. E olha que era inverno e roupas de inverno ocupam muito espaço.
Uma grande e prática lição de desapego às coisas materiais. Você só leva o que realmente vai precisar. E só compra o que é realmente necessário ou o que você realmente quer.
Se eu pude sobreviver 20 dias só com as coisas que estavam dentro da minha mochila, por que não seria possível viver um mês? Um ano? Ou até o resto da vida? Lógico que a minha bota, por exemplo, voltou arregaçada e meu casaco branco nunca mais vai ser branco. Mas isso a gente pode ir substituindo no caminho. Eu não preciso de 20 casacos e 30 pares de sapato. Um de cada já resolve o meu problema. Tudo bem que eu tô com praticamente a mesma roupa em todas as fotos. Mas e daí? O importante são os lugares que eu fui, as histórias pra contar, as experiências e as coisas que eu aprendi. Comparado a isso, a roupa que eu estava usando não é nada.
Antes de ir eu estava com muito medo. Medo de alguma coisa dar errado, de eu ficar morrendo de vontade de voltar pra casa... O índice VDM [Vai Dar Merda] era muito grande. Eram muitos aeroportos, trens, cidades e pessoas diferentes. Lógico que alguma coisa ia dar errado. E de fato nem tudo saiu exatamente como planejado. Mas deu tudo certo. No fim das contas conseguir ir a todos os lugares planejados. E era tanta novidade, tantos lugares incríveis e pessoas legais, que não fiquei com vontade de voltar pra casa [de Salamanca. Não a minha casa de verdade, no Brasil]. E o mais importante, minha saúde permaneceu em perfeito estado, mesmo com a alimentação por vezes inadequada e dias inteiros andando no frio, na neve ou na chuva.
Foram 7 países [sei lá quantas cidades...], 8 aeroportos, 10 estações de trem e 4 rodoviárias. Isso sem contar as inúmeras viagens de metrô e ônibus urbano e os muitos quilômetros andados à pé, com ou sem a mochila nas costas. Lugares incríveis. Línguas ininteligíveis. Perrengues. Aventuras e histórias pra contar.
Voltei com a sensação de que pode me soltar em qualquer lugar do mundo que eu me viro. Descobri que eu sou mais esperta do que eu pensava. Que o mundo nem é tão grande assim. E que eu poderia passar o resto da minha vida viajando. Eu e minha mochila.


Trem de Chocen [Rep. Tcheca] pra Berlin

Em breve volto com alguns causossos e impressões.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que linda você! Quero uma vez na vida poder fazer isso também! Adoro seu blog, adoro suas experiências! Beijos e continue aproveitando!!!

rodrigo disse...

rodrigo souza silva curtiu (MUITO) isto!

Tainá Costa disse...

Brigada, pessoas =)

Bora fazer um mochilão comigo?

Anônimo disse...

Eu quero!
o/