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E não pára por aí...

E vocês acham que os perrengues pararam por aí?
Ainda teve a volta.
Muitos sites, companhias aéreas, preços, cidades e tempo depois, concluí que a maneira mais barata de voltar seria pegar um vôo de Moscou pra Dusseldorf, na Alemanha, e de Dusseldorf pra Madrid. Só tinham dois pequenos detalhes que eu não me atentei na hora que eu comprei as passagens [ou que pelo menos naquela hora não eram um problema]: 1) meu vôo chegaria em Dusseldorf umas 18h, 18h30 e o vôo pra Madrid só sairia por volta das 13h do outro dia [ou seja, mais muitas horas intermináveis no aeroporto]. 2) o vôo pra Madrid sairia de um aeroporto diferente.
Só quando cheguei em Dusseldorf caiu minha ficha: "Putz! Vou ter que passar pelo menos 13h nesse aeroporto, sozinha - isso sem contar as outras 6h horas entre o trajeto pro outro aeroporto e esperando dar a hora do embarque". Mas naquela altura do campeonato já num tinha muito o que fazer. O jeito era esperar mesmo. E se tem uma coisa que essa viagem me ensinou, essa coisa foi esperar. Foram intensos exercícios e provas até eu alcançar o Nirvana da paciência. Um nível máximo de abstração que nada mais conseguia me fazer ficar nervosa ou ansiosa [pelo menos não como antes].
A sorte é que eu tinha levado os "apuntes" das matérias que eu ia ter prova na semana seguinte. Graças a Deus. Porque na completa falta do fazer não me restou nada além de estudar. E só assim mesmo pra eu estudar alguma coisa. Mas não sem antes dar uma voltinha no aeroporto. Conferir os preços do free shop e ver que realmente os preços dos supermercados de Salamanca são melhores. Ir no banheiro. Procurar saber como faz pra chegar no outro aeroporto. Ir no lugar onde pega o trem. Fazer um lanchinho... Depois disso tudo, achei que já tinham passado pelo menos umas três horas, né?! RÁ-RÁ! Chuta quanto tempo?
Pouco mais de uma hora. É. Tinha tudo pra ser a noite mais longa da minha vida. Estudei até enjoar [ou seja, por volta de uma hora e meia]. E ainda tinha toda uma noite pela frente.
O aeroporto foi ficando vazio. Poucas almas circulando. As luzes se apagando. Era só que faltava, né?! O aeroporto fechar e eu não poder ficar lá. Como eu ia arrumar um lugar pra ficar plena 10h da noite? Mas, como eu disse antes, nada que afetasse meu humor. Se tivesse que dormir na rua a gente dormia. Ainda mais na Alemanha. Tranquilo. O único problema seria o frio.
Mas não foi necessário. Dormi como um anjo. Acordei umas 5h da manhã e fui procurar horário de trem pra ir pro centro. Cheguei na estação central umas 7h da manhã, eu acho. Os alemães realmente acordam cedo [na Espanha, uma hora daquela, as únicas pessoas que você vê na rua são os lixeiros e bêbados voltando de baladas]. Mesmo assim o guichê de informação não tava aberto. E eu não conseguia encontrar o local pra pegar o ônibus pro outro aeroporto.Todas as placas em alemão, né?!
Fui pedir informação no guichê da companhia de trem. O moço disse que eu poderia pegar um trem pra cidade onde fica o outro aeroporto. Ok. Vamo lá então. Mas até eu me entender com a máquina que vende as passagens eu já tinha perdido o trem que o moço falou. Fui caçar nos murais o horário do próximo. Depois de muito esforço descobri que tinha um daí a meia hora. Fui pra plataforma e procurei alguém com cara que falava inglês só pra tirar a dúvida se era o trem certo. Era. Entrei. Sabia que seria por volta de uma hora de viagem. Só tinha um detalhe, no papel que o moço me deu só tinha o nome de umas três cidades no trajeto. Em menos de meia hora o trem já tinha parado nuns cinco lugares diferentes. Mas deixa pra lá, né?! Nenhum deles tinha o nome do lugar que eu tinha que descer, então vamo continuar...


Até que chegou em um lugar e a voz do além anunciou que quem quisesse ir pro aeroporto podia descer ali e pegar um ônibus. A cidade não era a mesma que eu deveria descer, mas como a voz disse, quem sou eu pra contrariar. Não pensei duas vezes e desci do trem. Depois que eu desci e o trem seguiu, pensei: "Acho que eu fiz uma grande cagada". Mas já tava feita, né?! Então vamo procurar o lugar que pega o tal do ônibus. Caminhei nos entornos da estação procurando um ponto de ônibus. Achei. Mas, lógico, os nomes das linhas estavam todos em alemão. E nada parecido com "aeroporto". Nenhuma pessoa na rua pra eu perguntar. E eu não sabia sequer o nome da cidade onde eu estava. Louco, né?! Perdida em algum lugar da Alemanha que eu nem sabia onde. Se acontecesse alguma coisa comigo ali, ninguém me encontrava!
Mas a sorte bateu na minha porta. Um senhor, vendo que eu tentava ler as linhas de ônibus, me gritou lá do outro lado da rua e perguntou se eu queria ir pro aeroporto. Em inglês! Eu disse que sim. Ele apontou pra uma praça e falou pra eu correr. Só deu a Tainá correndo pelas ruas de algum lugar da Alemanha. Consegui pegar o ônibus. E que felicidade foi ver o letreiro do aeroporto alguns minutos depois!

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