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Em nome do amor

É amiguinhos, tem coisas que a gente faz na vida que a gente nem entende o porquê. Só sei que bate aquela vontade, a gente vai lá e faz. E não é de piriri que eu tô falando.
Bom, mas vamos fazer uma retrospectiva pra que vocês entendam melhor.

Tudo começou quando a donzela aqui resolveu chutar o balde, largar a mordomia da casa da mamãe, o um ano de faculdade ja concluído, o estágio que ela adorava, os amigos, enfim... Toda uma vida já "consolidada". E foi  pra onde? Foi tentar a vida em Juiz de Fora. Na Facom, mais especificamente. E desde o início ela tinha um objetivo: como estudaria em uma universidade federal, com convênios com universidades do mundo todo, ela queria ir mais longe que os quase 500 km que separam Juiz de Fora de Governador Valadares. Queria ir estudar na Zoropa.
Então ela correu atrás. Tanto fez que conseguiu. Mas eis que no meio dessa trajetória aparece um manolo-bruxão-pirata-Wolverine. Ela se apaixona por ele. E aí? Comofas? Seis meses longe do namorado. A maioria da galera desiste antes mesmo de começar. Afinal de contas, intercâmbio = zuação-pegação-festa loka-gringos bonitões doidos com brasileiras. De fato ela viu muito disso por essas bandas. Mas ela sabia o que queria e não desistiu.




O que acontece é que no meio do caminho o manolo-bruxão-pirata-Wolverine dá a seguinte notícia pra ela: tô indo pra Rússia. Vou ficar lá seis meses!
Ela ficou feliz com a notícia. É que era o sonho dele que estava prestes a se realizar. E ele trabalhou muito pra isso. Mas foi inevitável pensar: Porra-Caralho-Fudeu! Seis meses a gente aguenta. Agora um ano é complicado, né galera. Haja amor! Fala aí...
Adivinhem qual foi a primeira coisa que ela pensou? Não. Não foi: "vou terminar". Foi: "preciso ir pra Rússia!". Isso mesmo. Ela resolveu que iria pra Rússia. Simples, né?! Ali, na Rússia. Deu um jeito de juntar uma grana  pra comprar utensílios de frio. Arrumou vários (na verdade foram dois. mas é sempre bom exagerar um pouquinho) contatos na Rússia que poderiam ajudar nessa empreitada.
Chegando lá, ela não tinha a mínima noção do que a esperava. Só sabia que ela tinha que ver o namorado antes de ir embora da Europa. E tinham falado pra ela que todo mundo lá falava inglês. Que nas placas a informações estavam escritas no alfabeto russo e no nosso alfabeto.. Enfim. Mel na chupeta, né?!
É. De fato foi uma doce ilusão. Nem no aeroporto a galera falava inglês direito. Vocês tem noção? Aí ela tava ali, sozinha, porque o namorado só chegaria daí a dois dias. Ninguém entendia o que ela falava. E ela não conseguia ler nada, nem a passagem de trem  pra chegar no centro, pra saber qual a plataforma correta. Um completa analfabeta de pai e mãe. Foram várias tentativas de pedir informação. Pensou até em ficar no aeroporto até o dia do namorado chegar. Vai que ela pega o trem errado, desce num lugar desconhecido, sem poder se comunicar com ninguém, sozinha, num frio de menos sei lá quantos graus? Mas ficar no aeroporto sem banho não rolava. Resolveu arriscar. Entrou no trem que a galera tava entrando e seja o que Deus quiser!
Aí, uma voz do além anunciou a estação que o trem ia parar. Era a mesma que ela tinha olhado na internet. Ufa! Tava no trem certo. Então passou o caminho todo pensando: Puta que pariu! O que que eu vim fazer aqui? Como meu pai me deixou fazer essa insanidade? Olha esse frio (a essa altura do inverno ela já tava doida pra sentir calor, andar de chileno Havaiana na rua e com roupas que deixassem os joelhos a mostra. Aí ela escolheu o lugar perfeito pra ir, né?! A Rússia)!
Já tava a ponto de ligar pra mãe dela e pedir: "mãe, vem me buscar!". Mas já num tinha jeito. Como dito no post anterior: tá no inferno, abraça o capeta. O próximo desafio era o metrô. Quando ela chegou lá pensou: quem foi o infeliz que disse que nas placas tinha tudo escrito no alfabeto ocidental? Vou trazer ele aqui agora pra ele ver. E o mais legal era que a informação que ela tinha pegado na internet só tinha o nome da estação que ela deveria descer no nosso alfabeto. Mais uma vez: Fudeu! Mas ela não desistiu. Uma vesão russa pro Joseph Klinber! Encontrou um mapa que tinha os nomes em ambos alfabetos. Aí anotou o nome em russo. "Uma coisa parecida com um B. Um R de trás pra frente. Um quadrado sem a parte de baixo..." E assim foi. Na hora de pegar o trem, tinha que conferir letra por letra. E não era igual o metrô de Barcelona, que a mulherzinha anunciava o nome da estação e acendia uma luzinha indicando. Era se vira nos 30. Tinha que rebolar pra conseguir enxergar na parede qual estação que tava parando.
A hora que ela chegou no hostel, falou com a recepcionista e a menina entendeu e respondeu! Foi uma das maiores alegrias da vida dela. Aí pensou: "Caralho! Sou foda. Consegui. Agora pode me soltar até na China que eu chego onde eu tenho que chegar".
Mas não pára por aí. No dia do namorado chegar ela foi pro aeroporto. Chegou lá cedo e ficou esperando. Viu no painel que o vôo ia atrasar. Normal. Esperou mais um pouco. Deu a hora. Foi pro portão de desembarque. Tava com câmera preparada pra tirar foto, cartazinho com declaração de amor (tá. eu sei que é brega!)... E cadê o menino? Passou meia hora. Uma hora. Uma hora e meia. O vôo saiu do painel e nada. Aí sim ela pensou: Fudeu de verdade. E agora? Será que ele ficou preso na imigração? Será que deu problema na bagagem? Será que ele perdeu o vôo? Será que era uma pegadinha ele não vinha pra Rússia nada? Cadê a câmera?
Quase duas horas depois que o vôo tinha pousado, ela tomou uma decisão drástica: "vou chamar a polícia!" Mas o primeiro policial que ela abordou, pra variar, não falava inglês. Tentou outro. Esse sim! Ela explicou a situação e ele ajudou. Levou ela lá no "baggage claim"! Não sem antes pedir o passaporte e falar: "Brasil! Samba! Rio de Janeiro"!
Ela olhou pra um lado, olhou pro outro e nada do bofe (nisso o policial tava segurando a plaquinha com a declaração de amor!).
Eis que de repente ela olha pra frente e quem ela vê? O manolo-bruxão-pirata-Wolverine!
Ufa! Deus é bom! Ele veio.
Aí foi só partir pro abraço. E pro beijo!


3 comentários:

Anônimo disse...

Gente, que gracinha que é essa Tainá! Adorei! =)

Felps disse...

Várias pessoas podem vir aqui e dizer isso, mas quem gosta mais da Tainá depois do Bianco SOU EU!!!

hahahahahaha

Eu acho que essa história dá filme...

Bjo

bianco disse...

é eu também acho que dá um filme Felps. Falei com ela hoje que história nós temos para contar.

Momentos felizes, muita dificuldade por conta da constante separação, rotinas desgastantes, discussões e desencontros que no fim acho que terminaram sempre com um beijo.

Foram muito dificeis os últimos meses. Muito mesmo. E os próximos serão também, pois continuaremos separados. A maioria das pessoas fala que é loucura o que a gente ta fazendo.

Mas loucura é deixar que voce gosta ir embora sem pelo menos tentar.

Há varios fatores na vida que podem acontecer, mas nao adianta nada desistir antes de tentar. Depois voce se arrepende por nao ter tentado.

Mas acho que voce, Anselmo e os meninos nao ficam em segundo lugar nao. Gostamos dela da mesma forma. Se tem alguem aqui q tem que tem que ter o aval sou eu. Afinal de contas, voces estao na vida dela a mais tempo do que eu.

Mas como ela sabe, o calor da saudade que tenho é o que esquenta meus dias aqui na Russia.

desculpem o tamanho do texto. Mas é que da Tainá eu sempre tenho bastante coisa para falar. Ela é uma grande mulher. Porém tudo isso se resume em tres palavras que ela sabe quais são.