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Huelga General

Não sei se vocês viram no noticiário, mas hoje os trabalhadores da Espanha estão em "huelga general", ou, em bom português, "greve geral". A paralização já vinha sendo comunicada e convocada há algum tempo. Há cerca de três semanas vários cartazes começavam a ser espalhados em pontos estratégicos da cidade. Com a proximidade, as ações se intensificaram através de panfletagem e anúncio em carros de som.






A mobilização é encabeçada pela União General dos Trabajadores [UGT] e pelo Confederación Sindical de Comisiones Obreras [CCOO], que exigem uma retificação das medidas previstas na "Reforma Laboral", algo como reforma trabalhista. De acordo com os organizadores, a política do executivo só atrasa a recuperação econômica da Espanha e condena o país ao aumento do desemprego, causado pela facilidade que os empregadores vão ter para demitir seus funcionários quando a reforma for colocada em prática.


A greve é geral, mas nem todos aderiram. No comércio, pelo que eu pude ver aqui em Salamanca, assim como no resto do país, a maioria das lojas estavam abertas, já que esta foi uma das áreas menos afetadas. O setor da educação também parece que funcionou bem. Meus professores não aderiram à greve. Tive todas as aulas do dia. Um deles chegou a comentar que concorda com os motivos, mas não com a metodologia e os impactos que ela pode causar na economia [que já não vai muito bem].


Já na prestação de serviços, principalmente no setor de transporte, não foi assim. A greve interferiu e muito na vida das pessoas. Um bom exemplo é meu caso [e de mais três amigos]. Estavamos com uma viagem programada para Munich, na Alemanha. Iríamos ao Oktoberfest [sim! o original]. Escolhemos justamente o dia 29 para a viagem [porque era o dia com passagens mais baratas]. Nem nos lembramos da greve. Mas depois que ficamos sabendo dela, também não pensamos que pudesse interferir na nossa viagem, já que se tratava de um vôo internacional. Pelo menos não até ontem à noite, quando recebemos um e-mail da companhia aérea dizendo o seguinte: "Unfortunately due to the failure of the Spanish Government to protect non Spanish airline's flights with minimum service guarantees, Ryanair have been forced to cancel all domestic flights in Spain on 29th Sep and most International flights to/from Spain on 29th Sep.". O Governo Espanhol não se comprometeu a proteger os vôos de companhias aéras não espanholas com o mínimo de garantias de serviços. Por isso, a Ryanais foi forçada a cancelar todos os vôos domésticos e alguns internacionais [inclusive o meu!] do dia 29 de setembro. Além do vôo, também senti os efeitos da greve quando fui à rodoviária trocar uma passagem [a de ida pra Madri, para pegar o vôo pra Alemanha...] e a única companhia que estava funcionando era a que eu ia viajar através dela [por sorte!].


De acordo com os meios de comunicação, os sindicatos afirmam que houve uma adesão de 70% dos trabalhadores. Grupos de grevistas organizaram manifestações por todo o dia no país, inclusive nas Ilhas Canárias. Em Salamanca, cerca de 200 pessoas se aglomeraram na Plaza Mayor, pela manhã, e seguiram com a manifestação pelas principais ruas da cidade. Madri e Barcelona sediaram os maiores protestos. No rádio e na TV, os plantões sobre a greve eram quase sequenciais.


Agora ao fim do dia, os jornais destacam a fala do Ministro do Trabalho, segundo a qual a greve teve um efeito moderado e a partir de amanhã haverá muito trabalho para fazer.


A cobertura completa da greve você pode conferir no site dos dois principais jornais da Espanha, o El País e o El Mundo.

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