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Tecnobrega

Lembra do movimento funk que começou no Rio de Janeiro e invadiu o Brasil nos anos 90? Pois é. Estamos vivenciando algo parecido com o tecnobrega agora. Movimento que começou no Pará, na periferia de Belém, e está tomando conta do país. O maior exemplo disso é a Banda Calypso, com os caricatos Joelma e Chimbinha, que há algum tempo conquistaram o concorrido mercado do sudeste.


O que surpreende nisso tudo é que o funk foi um movimento que surgiu na periferia do Rio de Janeiro, um grande centro. E o tecnobrega fez algo quase impossível, sair da periferia da periferia e tomar o Brasil. Quem nunca ouviu falar de Stéfhany (com FH e Y), a menina do Cross Fox? Viral da Volkswagem ou não, o fato é que ela se tornou um fenômeno na internet, com a sua versão "brega" para a música da Vanessa Carlton, "A thousand miles". O refrão "eu sou linda, absoluta, eu sou Stefhany" é diferente de todo o padrão de música que nós estamos acostumados a ouvir. Por isso, para muitos é considerado como lixo. Já que foge ao que foi estipulado como bom.


Mas para mim a coisa não funciona desse jeito. Alías, em mim surte o efeito contrário. Justamente por fugir de tudo o que a gente está acostumado é que eu acho esse tipo de música sensacional. Mais sensacional ainda são os recursos e artimanhas que o pessoal desse movimento usou para conquistar o seu espaço no mercado musical brasileiro. E o mais importante, sem depender da tão seletiva indústria fonográfica. Eles deram um "olé" nas grandes gravadoras do sudeste e provaram que para fazer sucesso não é necessário se mudar para Rio ou São Paulo. 


Fizeram da pirataria uma aliada. E criaram um sistema que, quem sabe até, pode ser usado como alternativa para a crise que o mercado fonográfico vem enfrentando. Tudo começa com a música produzida em casa. Ela é apresentada em uma "festa de aparelhagem", nome que eles dão aos "festivais" de tecnobrega. A partir daí, se público gosta, começam a parecer convites para apresentações. O próximo passo é formar uma banda e depois gravar um disco. Os artistas não têm gravadora e nem precisam pensar na produção e distribuição do álbum e nos custos disso. A tarefa fica a cargo dos "pirateadores". O que garante o "leitinho das crianças" são as várias apresentações ao vivo que os músicos são convidado a realizar. 


O brega sempre foi assim. Desde Amado Batista e Reginaldo Rossi. Eles não aparecem no Faustão todo domingo. Mas arrastam muitidões nos shows que realizam Brasil afora. 


Pode parecer piada. A reação de quem vê pela primeira vez uma estrela do tecnobrega se apresentar realmente é de, no mínimo, espanto. Aqueles figurinos coloridos, cheios de paetês, no melhor estilo brega; as letras, que surpreendem por dizerem coisas que ninguém imaginou poderem estar em uma música ("cavalo manco, agora eu vou te ensinar. Isso e muito mais você só vai encontrar no Paráááááááá"); fora a superprodução, com luzes e fogos. Realmente foge de tudo o que a gente está acostumado. Mas o negócio é sério. E já virou objeto de estudo. Se você se interessou, o advogado Ronaldo Lemos e a jornalista Oona Castro transformaram o fenômeno em livro: Tecnobrega: o Pará reinventando o negócio da música

Agora eu deixo vocês na companhia de Gabi Amarantos. Uma espécie de Stefhany mais velha. Estrela de primeira grandeza no Pará. Se apresentou no Rio, no Circo Voador, que já foi palco de Cazuza e Los Hermanos! Tá aí um trechinho da apresentação com a Orquestra Imperial:




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