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Comentário infeliz

Hoje vou falar um pouco sobre como os sites de jornais internacionais repercutiram a declaração de Lula sobre os presos políticos de Cuba. Infelizmente não encontrei nada a respeito, que tivesse sido publicado na data de hoje, no Le Monde. Então ficamos apenas com as seguintes matérias:


The New York Times
El País


A matéria do El País é bem pequena. Mas nem por isso causa menor impacto. Já começa dizendo que o presidente brasileiro colheu uma chuva de críticas por sua declaração comparando presos políticos de Cuba com delinquentes. A publicação contextualizou a informação com as falas de Lula: "Temos que respeitar as determinações da justiça e do governo cubanos"; "a greve de fome não pode ser um pretexto dos direitos humanos para liberar as pessoas. Imaginem se todos os delinquentes presos em São Paulo fizerem o mesmo para pedir sua libertação".

Logo em seguida traz a repercussão com declarações de políticos e instituições brasileiras. Raúl Jungmann, do opositor Partido Popular Socialista, cassificou como "desastrada" a declaração e disse ainda que "usar a situação dos presos brasileiros para defender a tirania de Cuba não é mais que cinismo". A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que eles chamaram de Colegio de Abogados, acusa Lula de "polarização ideológica". Nas notícias a respeito do assunto publicadas no Brasil, não vi nenhuma que colocasse as declarações do presidente da OAB, Ophir Cavalcante, nesses termos.

Em defesa, colocaram a fala do deputado Maurício Rands, do Partido dos Trabalhadores, na qual diz que Lula "se expressou mal ou não foi compreendido, pois conhece a diferença entre um preso político e um preso comum."

O NYT não deixou por menos. Trouxe uma matéria bem maior. Fez questão de classificar o governo da ilha como comunista. Num primeiro momento o texto traz a segunte fala de Lula "temos que respeitar as decisões do sistema legal de Cuba, e do governo, de prender pessoas de acordo com as leis de Cuba, do mesmo modo que eu gostaria que eles respeitassem o Brasil". Posteriormente, a afirmação do dissidente de Cuba, Guillermo Farinas, diz que Lula deveria tomar um posição contra o regime de cubano, ao invés de falar que respeita as decisões do governo.

Ressaltaram as declarações do presidente de que greve de fome não deve ser usada como forma de conseguir a liberdade, contrastando com a atitude do próprio Lula, que praticou o ato durante a ditaduta militar no Brasil. Mais a frente, a matéria traz uma declaração do presidente, afirmando que não o faria novamente. "Penso que é loucura maltratar o próprio corpo". E completou dizendo que é hipocrisia a leva de críticas à Cuba, já que não é só lá que pessoas morrem em greve de fome.


O jornal foi mais fundo, dizendo que o maior foco de cítica consistiu na comparação dos dissidentes de Cuba com os criminosos da maior cidade do Brasil, que coordenam o tráfico de drogas por trás das grades e orquestraram uma onda de assassinatos nas ruas, em 2006 (pegou pesado, mas não deixa de ser verdade). Lembrou que Lula esteve em Cuba no final de fevereiro, para um encontro com Fidel e Raul Castro, horas depois da morte do dissidente Orlando Zapata, em decorrência de greve de fome. Na ocasião, Lula lamentou profundamente a morte de Zapata.

Também havia declarações do ministro Celso Amorim em defesa de Lula. Que fez questão de ressaltar que o Brasil investe em projetos de infraestrutura e desenvolvimento em Cuba. E acrescentou que cabem aos Estados Unidos levar mudanças mais rápidas a Cuba, com o final do embargo ecnômico, que já dura 48 anos. Achei interessante eles publicarem isso. Normalmente vetam qualquer declaração que desabone os EUA. A matéria termina com a repercussão do fato no Brasil, através de uma série de outras declarações contra Lula. E usa como fontes a Folha de S. Paulo e O Globo.

É, Lula, a coisa não ficou bonita para você depois dessa declaração infeliz (outra, né?!).

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